Menor safra em 20 anos pressiona preços do Carioca
Esse cenário reforça a perspectiva de menor disponibilidade do grão

O mercado do feijão vive um novo patamar de preços, com o feijão-carioca nota 9 já alcançando R$ 250 por saca em Minas Gerais, enquanto produtores começam a testar valores ainda mais altos. Segundo o Instituto Brasileiro de feijão e Pulses (Ibrafe), a movimentação encontra respaldo nos números da Conab de setembro, que projetam uma oferta total de 1,642 milhão de toneladas de Feijões-cores — menor que em 2016. A diferença, no entanto, é que naquela época a produção era quase toda de feijão-carioca, ao passo que hoje há uma fatia expressiva de Vermelho, Rajado e Jalo, resultando na menor safra de Carioca em 20 anos.
Esse cenário reforça a perspectiva de menor disponibilidade do grão mais consumido no Brasil durante os próximos meses de setembro, outubro e novembro. A dúvida que permeia o setor é até onde os preços podem chegar. Embora muitos se perguntem se há espaço para repetir os R$ 400 por saca vistos em 2016, especialistas ponderam que as condições atuais são diferentes: naquele ano, a seca impulsionou alta generalizada em todos os tipos de Feijão, enquanto hoje a existência de estoques de outras variedades pode conter um movimento mais agressivo.
Ainda assim, a firmeza do Feijão-carioca vem acompanhada de sinais de reação no Feijão-preto. Foram reportados negócios acima de R$ 130 por saca, o que acende alerta para possíveis impactos nos leilões de PEP e PEPRO da Conab. A burocracia excessiva que historicamente dificultou a habilitação de adquirentes continua sendo um entrave, a ponto de, em situações anteriores, compradores ficarem sem a subvenção mesmo após efetivarem suas aquisições.