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Plantio de soja avança no Matopiba, mas estiagem persiste no Centro-Sul

Safra de soja sob pressão climática e atenção redobrada do mercado


Foto: Ico Pilau

Expectativa de safra recorde, câmbio oscilante e demanda chinesa sustentam o mercado, mas cenário climático divide atenção do setor.

A safra brasileira de soja 2025/26 começou oficialmente, mas sob um cenário ainda indefinido. Segundo dados divulgados pela Grão Direto, o início do plantio ocorre em meio a condições climáticas irregulares, o que já influencia os preços futuros da oleaginosa, enquanto o mercado monitora com atenção a movimentação da China e os desdobramentos cambiais nos Estados Unidos.

Nos Estados Unidos, o relatório WASDE do Departamento de Agricultura (USDA) trouxe ajustes importantes. A produtividade da soja americana foi revisada para baixo, agora estimada em 59,96 sacas por hectare. Por outro lado, a projeção de safra foi elevada para 117,05 milhões de toneladas, reflexo do aumento na área plantada. A manutenção das projeções para a América do Sul resultou em uma leitura neutra por parte do mercado, sem grandes reações de preço.

No Brasil, o fim do vazio sanitário permitiu o início do plantio em regiões do Matopiba e no norte de Mato Grosso, onde o retorno das chuvas viabilizou os primeiros trabalhos em campo. Porém, segundo a Grão Direto, a estiagem ainda persiste no Centro-Oeste e no Sudeste, o que pode gerar atrasos na semeadura e afetar o calendário agrícola. Essa irregularidade já provoca volatilidade nos contratos futuros.

Em Chicago, o contrato de soja com vencimento em novembro de 2025 encerrou a semana cotado a US$ 10,45 por bushel, com alta semanal de 1,75%. O contrato de março de 2026 também registrou valorização, fechando a US$ 10,79 por bushel, alta de 1,7%. No câmbio, o dólar recuou 1,11% e terminou a semana a R$ 5,35, o que impacta diretamente a formação de preços no mercado físico.

A demanda internacional segue firme, com a China mantendo compras regulares de soja brasileira. Segundo a Grão Direto, mesmo em momentos de maior atratividade de preços nos EUA, o país asiático continua priorizando o Brasil como principal origem. No entanto, esse comportamento pode mudar caso haja riscos climáticos mais expressivos durante o desenvolvimento da nova safra, projetada em torno de 180 milhões de toneladas.

Além do clima, questões geopolíticas e comerciais também entram no radar. Tensões diplomáticas ou movimentos estratégicos dos Estados Unidos para recuperar parte da demanda chinesa podem influenciar o fluxo global de comércio da soja. A Grão Direto destaca que qualquer reposicionamento da China pode impactar diretamente o escoamento da produção brasileira nos próximos meses.

Outro ponto de atenção é a política monetária dos Estados Unidos. A reunião do Federal Reserve nesta semana pode confirmar um corte na taxa de juros, movimento já precificado pelo mercado. Segundo a análise da Grão Direto, um discurso mais conservador do presidente do Fed pode manter o dólar pressionado, afetando a competitividade das exportações brasileiras.

Diante desse cenário multifatorial — que combina clima instável, demanda aquecida e incertezas no câmbio —, o mercado de soja deve continuar volátil. A Grão Direto aponta que o início da safra é decisivo para definir a direção dos preços nas próximas semanas, com o Brasil no centro das atenções do comércio global de grãos.

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