Produtividade de soja e milho cresce na Dakota do Sul
Chuvas e clima favorecem soja e milho e elevam expectativas de produtividade nos EUA

Nesta quarta-feira (13.08), a série América Clima e Mercado, da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT), percorreu o estado de Dakota do Sul para avaliar o cenário agrícola local. Durante as visitas técnicas, foi possível identificar diferenças significativas entre as regiões sudeste e oeste do estado. Enquanto o sudeste conta com uma estrutura de solo mais profunda e fértil, o oeste apresenta solos mais rasos e arenosos, o que influencia diretamente nas produtividades.
A média geral no estado é de cerca de 48 sacas de soja por hectare no ano de 2024. Neste ano, o índice pluviométrico foi favorecido por chuvas acima da média e regulares durante o ciclo, o que, segundo produtores locais, pode resultar em um acréscimo de até três sacas por hectare na soja e dez no milho se comparado aos números do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América (USDA) da safra passada.
O produtor Justin Campbell, da Dakota do Sul, avaliou o cenário com otimismo e disse que as condições de clima registradas ao longo da safra devem garantir resultados expressivos. Segundo ele, a expectativa é de produtividades bastante positivas para a soja, inclusive com áreas de destaque no estado. “Com base em conversas com produtores aqui na Dakota do Sul, estão todos muito animados com as condições de clima que tivemos ao longo desta safra. Estão esperando boas produtividades para a soja, entre 55 e 65 sacas por hectare, com algumas áreas chegando até em torno de 80 sacas por hectare. A faixa de 55 a 65 é para as lavouras em sequeiro. Os preços das commodities e a questão das tarifas também são fatores que influenciam as decisões dos produtores de soja, que estarão acompanhando de perto os acontecimentos antes de bater o martelo quanto ao que fazer com o produto colhido”.
De acordo com a avaliação de Justin, a soja apresenta maior dependência de compradores externos, especialmente da Ásia. O cenário de tarifas adotadas pelo governo dos EUA e preços internacionais tem feito com que produtores considerem a possibilidade de armazenar o produto até obter maior clareza sobre as condições de comercialização. Já o milho, segundo ele, em sua maior parte é destinado ao mercado interno, principalmente para criadores de gado leiteiro e usinas de etanol.
O proprietário da Mossing’s Dairy, Michael Jopson, explicou que a safra 24/25 tem sido boa e que o alinhamento entre manejo, clima e aplicação de insumos foi decisivo para o bom desempenho da lavoura. Ele ressaltou que a temporada atual contrasta fortemente com anos anteriores marcados por dificuldades. “Tivemos muita sorte este ano, em comparação com as últimas cinco safras. Foi a chamada tempestade perfeita, o dejeto do gado esteve ótimo este ano, temos parceiro terceirizado que nos ajuda a aplicar nos talhões certos. E as chuvas também ajudaram, vieram de forma regular e bem distribuída. Tivemos mesmo muita sorte, comparado por exemplo com 2019, quando tivemos chuvas fortes praticamente todos os dias, o que destruiu a lavoura. Muitos produtores tiveram que recorrer ao seguro agrícola, as fazendas estavam encharcadas. Mas, como falei, este ano foi perfeito, muita sorte”.
O produtor Ray Epp, de Mission Hill, comparou as condições atuais de umidade e desenvolvimento da soja com as do ciclo anterior, destacando que as lavouras deste ano apresentam potencial de rendimento acima do histórico recente. “Estamos agora em meados de agosto e tivemos, até aqui, em torno de 430 milímetros de chuva. No ano passado, nesta mesma época, tivemos cerca de 230 milímetros. A soja, naquele momento, estava com 50 cm de altura, 60 cm no máximo quando colhemos. Agora, já estamos com 90 cm e ainda está florescendo. Há previsão de mais chuvas e tempo quente e úmido o que para a soja são boas condições. Temos potencial de alcançar os números do ano passado, e quando digo alcançar, quero dizer 23 sacas a mais por hectare, com base no que vemos no momento”.
Encerrando o dia, o diretor administrativo da Aprosoja MT, Diego Bertuol, fez um balanço das visitas, ressaltando que a boa distribuição das chuvas ao longo do ciclo tem sustentado o potencial produtivo, mas que ainda existem riscos a serem observados, especialmente no milho. Ele também destacou pontos de atenção com a soja identificados nas áreas com solos mais arenosos. “Finalizando o dia aqui na Dakota do Sul, onde os produtores nos relataram o potencial produtivo das lavouras devido principalmente à distribuição de chuvas durante o ciclo das lavouras. Mas vale destacar que, principalmente na soja, onde tem solos mais arenosos, nós quantificamos potenciais perdas. E quando olhamos para o milho, daqui para frente a preocupação são os ventos, que podem trazer a quebra da planta e também a perda foliar”.