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Em edição histórica, Dia do Algodão celebra 25 anos da Abapa e conecta tradição e inovação

Dia do Algodão 2025 já entra para a série histórica



Foto: Abapa

Quarta edição do evento, e momento alto da programação de celebrações ao aniversário de 25 anos da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), o Dia do Algodão 2025 já entra para a série histórica não apenas como o maior em público – cerca de 1,7 mil pessoas este ano, contra aproximadamente 1,4 mil em 2024 – como também o mais inovador e emocionante dentre todos já realizados. 

Com novo formato, mais dinâmico e interativo, o Dia do Algodão teve a programação estendida ao longo de todo o dia, e os participantes puderam circular entre estações temáticas simultâneas, em uma estrutura que integrou tecnologia, sustentabilidade, gestão, educação, moda, inovação e mercado. O evento ocorreu na fazenda Santana do Grupo Franciosi, em Riachão das Neves (BA), reunindo entre produtores rurais, pesquisadores, estudantes, empresários e autoridades. 

Entre as autoridades presentes, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues; o secretário estadual de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Agricultura (Seagri), Pablo Barrozo; a secretária estadual de Desenvolvimento Urbano, Jusmari Oliveira; o diretor da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), Vinícius Videira; o presidente da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Moisés Schmidt; o prefeito de Riachão das Neves, Moab Santana; o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Gustavo Piccoli; o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Dawid Wajs; e o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Carlos Henrique Passos.

“Esse Dia de Campo representa o que somos: uma cadeia conectada, que se apoia na ciência, na cooperação e na busca constante por excelência. Ao celebrarmos 25 anos da Abapa, reconhecemos o trabalho de quem construiu essa história e renovamos o compromisso com o futuro da cotonicultura baiana e brasileira”, afirmou Alessandra Zanotto Costa, presidente da entidade.

Na noite anterior, em uma cerimônia para convidados, a Abapa celebrou a passagem do seu Jubileu de Prata. O evento homenageou os pioneiros do algodão na Bahia, relembrando a trajetória dos que, com coragem, ousaram transformar uma região sem tradição para a cotonicultura no segundo maior estado produtor do Brasil, no último quarto de século.

Num ato simbólico, os ex-presidentes da Abapa receberam uma placa comemorativa, enquanto um novelo de linha representativo do legado e do futuro da entidade era passado de mão em mão, entre antecessores e sucessores, desde o primeiro presidente, João Carlos Jacobsen Rodrigues, até a atual, Alessandra Zanotto Costa. 

Além deles, receberam a deferência, em ordem cronológica de gestão, Walter Horita, Isabel da Cunha, Celestino Zanella, Júlio Cézar Busato (representado pelo filho Cézar Busato), e Luiz Carlos Bergamaschi, que também não pôde estar presente. O encontro também marcou a inauguração oficial do novo auditório da sede da Abapa, localizado ao lado da Bahia Farm Show, em Luís Eduardo Magalhães.

Na ocasião, o presidente da Anea, Dawid Wajs, prestou uma homenagem à associação. “O Oeste baiano, hoje é um polo de produção moderna, sustentável e tecnológica. E isso só foi possível porque houve visão. Porque houve investimento. Porque houve coragem. A cotonicultura se transformou em vetor de desenvolvimento para a Bahia e para o Brasil. A história que vocês e a Abapa estão escrevendo nesta região é um orgulho para o Brasil inteiro.”

Um dos primeiros entusiastas da cotonicultura no Oeste da Bahia, Luiz Antônio Cansanção, falecido em 2019, recebeu in memoriam, uma homenagem através da família, durante o evento. O pioneiro também foi enfaticamente celebrado no discurso de João Carlos Jacobsen, que leu uma carta assinada em grupo por amigos do homenageado.

Baianidade e brasilidade

Na noite do jantar comemorativo e no próprio Dia do Algodão, dois vídeos deram o tom de emoção às celebrações: o primeiro um documentário resgatando a história do algodão no Oeste da Bahia, e o outro, o jingle “Nosso Algodão”, interpretado pela cantora Ana Mammeto, com participação da Banda Didá e do músico Yacoce Simões. Mais do que peças audiovisuais, eles expressaram a baianidade, conectando o Oeste às tradições culturais da Bahia, e a brasilidade, reafirmando a identidade do algodão como símbolo de origem e de expressão cultural do país.

Mais que um dia de campo

No dia seguinte, na abertura do 4º Dia do Algodão, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, reiterou o compromisso com o desenvolvimento do setor e defendeu a atuação conjunta entre governo e produtores. “O papel do governo é não atrapalhar quem produz. Estamos aqui para apoiar, ouvir e construir soluções junto com o setor. A Bahia precisa industrializar, agregar valor, gerar renda e empregos com base em tudo que já produz com excelência. Essa é uma pauta que não pode mais ser adiada”, afirmou.

Durante o evento, o chefe do executivo recebeu um documento com as principais demandas do setor, entregue pela Abapa em conjunto com a Aiba, contendo pautas como infraestrutura logística, energia, licenciamento ambiental e segurança jurídica.

“O agronegócio é, sim, aliado do meio ambiente. Crescemos com sustentabilidade, inovação e tecnologia, e o Oeste dá aula disso. Todos os pedidos apresentados são legítimos e serão analisados com responsabilidade e dentro da legalidade. Tenho plena convicção de que podemos ampliar a produção com uso cada vez mais eficiente da água, gerando mais empregos, renda e desenvolvimento para a região. Essa carta entregue ao governador expressa exatamente isso: um compromisso firme com o futuro do agro baiano”, disse Pablo Barrozo, secretário da Seagri. 

O prefeito de Riachão das Neves, Moab Santana, destacou a relevância do agronegócio para o desenvolvimento regional. “O crescimento do município tem a marca do agro em todos os cantos do nosso território. Temos, atualmente, uma cidade que se desenvolve com o apoio direto de famílias e empresas que acreditaram nessa terra.” Já o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Carlos Henrique Passos, reforçou a importância da conexão entre agro e indústria, lembrando que a valorização do algodão passa também pelo avanço na cadeia de transformação. “O que vimos no Dia do Algodão é a força de um setor organizado, que valoriza a tecnologia, o capital humano e o associativismo. O futuro passa pela agregação de valor à produção, e a indústria é um elo essencial nesse processo.”

Reconhecimento aos anfitriões

A família Franciosi, do Grupo Franciosi, também pioneiros no Oeste da Bahia e já com novas gerações assumido posições de comando nos negócios, foi especialmente reverenciada na solenidade de abertura do evento, por ceder a área da fazenda que sediou o Dia do Algodão em 2025.  “Temos muito orgulho de abrir as portas da nossa casa para esse encontro. O sucesso do Dia do Algodão é resultado do esforço coletivo, e nossos colaboradores são parte essencial dessa trajetória”, disse, Valentina Franciosi, responsável por planejar e gerenciar os investimentos estruturais e de longo prazo da empresa em nome da família (Capital Expenditure).

Conhecimento aplicado 

O Dia do Algodão da Abapa vai além do formato de um dia de campo técnico. Em estações temáticas simultâneas, reúne um amplo leque de assuntos — que incluem tecnologia, sustentabilidade, gestão, educação, moda e mercado — promovendo um espaço de troca de conhecimento entre todos os elos da cadeia do algodão. Pela manhã, os participantes tiveram acesso a três Estações do Conhecimento, estruturadas para abordar temas dedicados à evolução da cotonicultura: mercado, inovação e agricultura regenerativa. Com dinâmicas simultâneas, o formato permitiu aos visitantes personalizar sua jornada, escolhendo os assuntos de maior relevância para sua atuação no campo ou na indústria.

Entre os destaques, a Estação 1 contou com a participação de Rodrigo Iafelice dos Santos, ex-CEO da Solinftec e cofundador da AgTrace, que tratou dos modelos de exportação ancorados em tecnologia e novos padrões de consumo. “O consumidor está mais exigente e veloz em suas escolhas, e o algodão produzido no Oeste da Bahia tem tudo para atender essa demanda, com qualidade, rastreabilidade e inteligência. O Dia do Algodão mostra que o agro brasileiro está pronto para esse novo ciclo”, destacou.

A Estação 2, dedicada às “Soluções efetivas para a Agricultura Regenerativa”, foi conduzida por Rodrigo Buffon, da SPD Soil Diagnostic, que apresentou práticas de manejo baseadas em diagnósticos de solo, uso de plantas de cobertura e estratégias de resiliência agronômica.  “É um privilégio poder aprender e compartilhar com produtores e técnicos de altíssimo nível. A agricultura regenerativa conversa diretamente com produtividade e bem-estar. E isso se reflete na ousadia dos produtores do Oeste baiano, que buscam inovação com responsabilidade ambiental. Com diagnósticos adequados, conseguimos regenerar solos em pouco tempo, promovendo equilíbrio químico, físico e biológico”, explicou.

Na Estação 3, a Abrapa promoveu o painel “Estratégia para o algodão brasileiro”, com mediação de Luciano Thomé de Castro, da Markestrat. O debate reuniu representantes de grandes grupos e entidades da cadeia da fibra, como Gustavo Piccoli (Abrapa), Dawid Wajs (Anea / Louis Dreyfus Company), Miguel Prado (Santa Colomba) e Aurélio Pavinato (SLC Agrícola), em uma discussão sobre os rumos estratégicos do algodão no Brasil, com foco em competitividade, agregação de valor, sustentabilidade e presença global.

“Iniciativas como esta são fundamentais para o fortalecimento da cotonicultura brasileira, pois proporcionam troca de conhecimento, atualização técnica e integração do setor. Tenho certeza de que os produtores saíram daqui mais preparados para aplicar novas soluções em suas propriedades”, afirmou o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Gustavo Piccoli. 

Cultivares em destaque

Em paralelo às estações temáticas, os visitantes também puderam acompanhar as Estações de Cultivares, conduzidas pelos especialistas Luís Kasuya (Kasuya Inteligência Agronômica) e Eleusio Curvelo Freire (Embrapa). O objetivo foi oferecer uma visão aprofundada sobre novas variedades de algodão, seu desempenho em campo, resistência a pragas, qualidade da fibra e aspectos relacionados à produtividade sustentável.

Mercado Têxtil 

No período da tarde, os debates se deslocaram para o Espaço Principal, com discussões sobre os rumos do setor têxtil e de confecção, conectando a produção da fibra no campo com os desafios da moda, do consumo e da sustentabilidade no varejo. 

O painel “A visão de futuro – Setor têxtil e de confecção”, conduzido por Marcelo Ramos, gerente de Desenvolvimento Estratégico Sustentável do Senai CETIQT, trouxe reflexões sobre as transformações em curso na indústria têxtil e os novos paradigmas que moldam o comportamento do consumidor e os modelos de produção.  “Quando falamos de algodão, falamos de uma agricultura cada vez mais regenerativa, tecnológica e conectada com os anseios do consumidor moderno. É necessário mostrar de forma transparente o impacto e a origem da peça. É isso que vai diferenciar o produto e fortalecer toda a cadeia, do campo à loja”, destacou.

A diretora de Relações Institucionais da Abrapa e gestora do Movimento Sou de Algodão, Silmara Ferraresi, apresentou a iniciativa que mira o posicionamento do algodão brasileiro no mercado nacional por meio da moda e do engajamento com o consumidor. “Não se trata apenas de falar sobre o nosso trabalho, mas de construir reputação a partir da atitude, da consistência e do olhar de quem nos acompanha. Engajamos todos os elos da cadeia, desde o produtor até o consumidor final, com ações concretas e presença contínua”, afirmou.

Com ativa presença institucional no evento, o estande do movimento Sou de Algodão celebrou os 25 anos da Abapa com a exposição de looks assinados por estilistas baianos e camisetas da campanha SouABR, produzidas com algodão rastreável cultivado por produtores da Bahia, sendo comercializadas para o público presente.

Legado

Um dos momentos simbólicos da programação foi o painel “A força da conexão: o legado e os próximos capítulos da Abapa”, moderado por Alessandra Zanotto Costa, com a participação dos ex-presidentes Celestino Zanella, Walter Horita e João Carlos Jacobsen. O encontro promoveu uma reflexão coletiva sobre os marcos estratégicos que consolidaram a cotonicultura na Bahia, os aprendizados acumulados ao longo de 25 anos e os caminhos que se desenham para o futuro da atividade.

Logo na abertura, Alessandra lançou aos ex-dirigentes uma provocação: qual teria sido a decisão mais estratégica da Abapa nas últimas duas décadas e meia?
Para Jacobsen, a criação do Programa de Incentivo à Cultura do Algodão na Bahia (Proalba) foi o ponto de inflexão. “Foi um passo determinante no início dessa trajetória. Com apoio técnico e estrutura institucional, conseguimos colocar o algodão em posição de destaque e gerar segurança para os produtores investirem”, relembrou.

Walter Horita, por sua vez, destacou o papel do clima e da organização dos produtores na construção da reputação da fibra baiana. “Somos o segundo maior produtor do país, mas com o algodão de melhor qualidade. Isso é resultado não apenas do ambiente, mas da postura dos produtores e da conexão entre tecnologia e gestão que sempre guiou o setor. O que estamos colhendo hoje é fruto de trabalho coletivo e visão de longo prazo”, afirmou.

Já Celestino Zanella reforçou que a identidade da Abapa sempre esteve ancorada na capacidade de antecipar desafios. “A decisão mais importante da entidade foi justamente ser quem ela é. Manter o olhar voltado para o futuro, com coragem para inovar e responsabilidade com o presente”, disse. Zanella ainda fez um alerta sobre a concorrência crescente das fibras sintéticas e o papel do Brasil na construção de uma oferta estável e confiável para o mercado internacional: “Temos que mostrar ao mundo que podemos entregar algodão com qualidade, rastreabilidade e responsabilidade. Essa é a nossa vantagem competitiva.”

Alessandra Zanotto encerrou o painel com um agradecimento aos antecessores e um compromisso com os próximos ciclos da entidade. “A força da Abapa está justamente na conexão entre as gerações, na continuidade de princípios e na construção coletiva de um setor que acredita no associativismo como motor de desenvolvimento. Seguimos comprometidos com inovação, sustentabilidade e responsabilidade com cada elo dessa cadeia que ajudamos a fortalecer”, concluiu. “Celebrar os 25 anos da Abapa é reconhecer o esforço coletivo que construiu essa história. São produtores, técnicos, instituições, empresas e entidades que acreditaram no poder da organização, da representatividade e da conexão como base para o crescimento sustentável do setor”, afirmou Alessandra.

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