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Mercado do trigo segue pressionado no Brasil

RS registra queda de 9% na área de trigo



Foto: Canva

Os preços do trigo permaneceram estáveis na semana de 8 a 14 de agosto, segundo análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), publicada na última quinta-feira (14). No Rio Grande do Sul, as cotações foram de R$ 70,00 por saco, enquanto no Paraná ficaram em R$ 75,00 por saco.

De acordo com a Ceema, os moinhos seguem abastecidos e as negociações de grão continuam restritas. Produtores com necessidade imediata têm cedido nos valores, enquanto moageiras bem estocadas ofertam preços ainda menores. A entrada de maior volume da safra 2025, associada às boas expectativas de produtividade, ao câmbio em patamares mais baixos e à ampla oferta mundial, reforça a pressão sobre o mercado interno.

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), “em agosto/25, a média mensal no Rio Grande do Sul foi de R$ 1.291,08/tonelada, queda de 2% frente a julho/25 e de 12,2% em relação a agosto/24, em termos reais (deflacionamento pelo IGP-DI). No Paraná, a média foi de R$ 1.433,50/tonelada, com baixa de 2,9% no comparativo mensal e de 9,4% no anual. Em São Paulo, os recuos foram de 4,6% e 12,6%, respectivamente, com média de R$ 1.431,12/tonelada em agosto/25. Em Santa Catarina, a cotação média foi de R$ 1.432,41/tonelada, com recuo de 0,6% e 7,6%, nesta mesma ordem”.

No Rio Grande do Sul, o plantio registrou redução de 9%, totalizando 1,2 milhão de hectares. A queda está relacionada ao alto custo de produção, às incertezas climáticas e às dificuldades de acesso a crédito. Na região de Passo Fundo, a Emater informou que “o investimento na lavoura é de em média R$ 4.000,00/hectare, o que equivale a mais de 60 sacos/ha. Lembrando que a média regional nas últimas safras ficou entre 60 e 62 sacos/ha. Para 2025 o potencial é de 70 a 80 sacos/ha, desde que o clima ajude, pois conta também a qualidade do grão. Tanto é verdade que trigos com PH acima de 78 recebem o valor de mercado, hoje entre R$ 69,00 e R$ 70,00/saco. Abaixo de 75, podem ser vendidos por menos da metade, em torno de R$ 40,00/saco, quando destinados à ração”.

A entidade destacou ainda a relevância da cultura para o sistema produtivo, com benefícios para a cobertura do solo, controle de plantas daninhas e descompactação, além da preparação para o cultivo de verão. Uma novidade neste ano é a possibilidade de destinação do trigo à indústria de etanol. Em Passo Fundo, a fábrica da Be8 deve absorver parte da produção fora do padrão exigido pelos moinhos. O grão com PH abaixo de 70 poderá ser comercializado entre R$ 50,00 e R$ 60,00.

Apesar das alternativas, os produtores enfrentam dificuldades. Para a maioria deles, nos últimos cinco anos apenas uma safra apresentou rentabilidade. Conforme a análise, o trigo, que historicamente se firmou como opção de cultivo de inverno, tem perdido espaço devido aos custos elevados e à instabilidade climática.

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