Brasil tem potencial para crescer na produção de cacau
A moagem global deve recuar 3%

Os preços internacionais do cacau dispararam em 2024, com valorização média de 173% em Nova York e 132% em Ilhéus-BA, o que beneficiou diretamente os produtores brasileiros. Segundo relatório do Itaú BBA, esse movimento histórico de alta foi impulsionado principalmente por dificuldades enfrentadas por países da África Ocidental, responsáveis por cerca de 70% da oferta global, como lavouras envelhecidas, incidência de doenças e baixa renda dos produtores.
Apesar da forte valorização do produto, a moagem global deve recuar 3% na temporada 2024/25, refletindo um enfraquecimento da demanda. Ainda assim, o Brasil aparece como um dos mercados com maior potencial de crescimento. Atualmente, ocupa a 6ª posição entre os maiores produtores, com cerca de 200 mil toneladas por ano, o que representa apenas 4% da produção mundial. A expansão do cultivo a pleno sol é uma das apostas para reverter o déficit interno e ampliar a relevância do país no mercado internacional de derivados.
Para que esse salto se concretize, será necessário investir em condições adequadas de financiamento, tanto em prazo quanto em custo. A implantação do sistema a pleno sol pode exigir mais de R\$ 130 mil por hectare e tem retorno de longo prazo. Por outro lado, a indústria nacional já conta com capacidade ociosa e poderia absorver volumes maiores sem grandes investimentos adicionais.
Além disso, fatores como sustentabilidade e certificações ambientais ganharam peso estratégico. O avanço de modelos agroflorestais e o uso de rastreabilidade digital vêm sendo adotados como diferenciais competitivos, alinhando a produção brasileira às exigências dos consumidores globais e criando novas oportunidades de mercado.