La Niña pode voltar no fim de 2025?
A lembrança do último episódio de La Niña, entre 2020 e 2022, ainda está fresca

Um relatório divulgado pelo Centro de Previsão do Clima dos Estados Unidos (CPC/NCEP/NWS) aponta que há 41% de chance de o fenômeno climático La Niña retornar entre novembro de 2025 e janeiro de 2026. Segundo o Agrofy News (13/05/2025), embora o Pacífico Equatorial apresente atualmente condições neutras, os modelos climáticos começam a indicar um possível resfriamento para a primavera, o que pode trazer impactos significativos para a América do Sul, especialmente para a Argentina.
La Niña é a fase fria do fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS) e se caracteriza pelo resfriamento das águas do Pacífico tropical. Suas consequências incluem alterações nos padrões de chuva e temperatura, podendo causar secas severas em algumas regiões, excesso de chuvas em outras e mudanças nas médias sazonais. O meteorologista Ignacio Amorín explica que ainda não há confirmação do fenômeno, mas os primeiros sinais nos modelos climáticos justificam atenção redobrada nos próximos meses.
A lembrança do último episódio de La Niña, entre 2020 e 2022, ainda está fresca. Na ocasião, o fenômeno durou três anos e causou uma das secas mais severas das últimas décadas, afetando gravemente a produção agropecuária. A Fundar relatou prejuízos milionários no setor exportador argentino, enquanto a Bolsa de Comércio de Rosário estimou uma queda de 54% na produção de soja na safra 2022/23, que mal atingiu 20 milhões de toneladas — o pior desempenho desde 1999.
Para o inverno e parte da primavera de 2025, a NOAA prevê manutenção das condições neutras. No entanto, a chance de retorno de La Niña aumenta consideravelmente a partir de novembro, enquanto a possibilidade de um novo El Niño é inferior a 15%. Diante disso, produtores e analistas já começam a ajustar estratégias, conscientes de que, em uma economia tão vulnerável ao clima, cada anomalia representa riscos não apenas ambientais, mas também econômicos e sociais.