Brachiaria ganha força como alternativa sustentável
Brachiaria se consolida como aliada na agricultura

O uso da Brachiaria tem se intensificado no Brasil como estratégia de manejo agrícola e pecuário. A gramínea tropical, amplamente empregada em pastagens, também vem sendo incorporada a sistemas de produção que integram lavoura e pecuária. A informação é da engenheira agrônoma Alasse Oliveira, em artigo publicado no Blog da Aegro.
Segundo Oliveira, a Brachiaria contribui significativamente para a melhoria do solo. “Essas gramíneas ainda ajudam na fixação de carbono e no aumento da matéria orgânica no solo, o que contribui para a melhoria da sua fertilidade”, afirma. Além disso, a forrageira tem papel relevante na recuperação de áreas degradadas e no controle da erosão, promovendo maior cobertura vegetal e produtividade das pastagens.
A gramínea pode ser plantada após a cultura da soja, aproveitando o período da segunda safra. Essa estratégia, segundo a agrônoma, alia eficiência produtiva com benefícios ao solo e à biodiversidade. “O girassol tem ganhado cada vez mais espaço nas propriedades rurais de Goiás, assumindo posição de destaque como uma das culturas mais promissoras para a segunda safra no estado”, afirma Oliveira.
No sistema de integração lavoura-pecuária, a técnica conhecida como “safrinha de boi” tem atraído produtores. O modelo permite que, após a safra de verão com soja e a safrinha com milho ou sorgo consorciado à Brachiaria, o gado pasteje a área antes do novo ciclo agrícola. “Essa técnica possibilita até uma terceira safra na mesma área, com redução nos custos e diversificação da renda”, explica.
Outra alternativa é a sobressemeadura da Brachiaria na lavoura de soja, feita entre os estágios R5 e R7 da planta. A prática assegura cobertura vegetal após a colheita e contribui para o controle de plantas daninhas, conservação da umidade e estruturação do solo.
Cada espécie e cultivar da Brachiaria tem características específicas que determinam seu uso ideal. A Brachiaria brizantha, por exemplo, é perene, com crescimento ereto ou semi-ereto, e apresenta bom desempenho em solos bem drenados. A cultivar Marandu, introduzida no Brasil em 1967, destacou-se pela resistência à cigarrinha-das-pastagens e boa digestibilidade. Já as cultivares Xaraés e Piatã, lançadas em 2003 e 2007, respectivamente, ampliaram as possibilidades de escolha para o produtor.
A Brachiaria decumbens cv. Basilisk, por sua vez, apresenta crescimento prostrado e alta emissão de estolões, sendo indicada para solos ácidos e de baixa fertilidade. Sua resistência a curtos períodos de seca e boa capacidade de cobertura do solo tornam essa cultivar uma das mais difundidas.
Para áreas com drenagem deficiente, a recomendação é o uso de cultivares da Brachiaria humidicola, que apresentam crescimento estolonífero e adaptação a solos de baixa fertilidade. No entanto, apenas a cultivar comum é tolerante às cigarrinhas-das-pastagens.
No plantio direto, a espécie mais adotada é a Brachiaria ruziziensis, devido ao rápido estabelecimento e facilidade de dessecação. Contudo, a baixa tolerância a solos pobres e a suscetibilidade a pragas limitam seu uso em algumas regiões.
A identificação das espécies no campo requer atenção a aspectos como hábito de crescimento, tipo de folha, inflorescência e formato das sementes. Esses fatores influenciam tanto o desempenho agronômico quanto o manejo ideal para cada situação.
Diante de sua versatilidade e importância crescente, a Brachiaria tem se consolidado como uma ferramenta estratégica na agricultura tropical, aliando produtividade e conservação ambiental.