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La Niña em 2024 será diferente do último evento

Projeções dos centros internacionais indicam evento de fraca intensidade


Muita incerteza acerca da chegada do fenômeno e próximos meses devem ser de menos chuva e pouco frio Muita incerteza acerca da chegada do fenômeno e próximos meses devem ser de menos chuva e pouco frio - Foto: OceanOPS

Atualmente, as condições oceânicas encontram-se em um estado de neutralidade, mas há sinais emergentes que indicam a possibilidade de formação de La Niña no final de 2024. Diversas instituições meteorológicas globais, incluindo o NOAA, o Bureau de Meteorologia da Austrália (BOM) e o Centro Europeu (European Centre for Medium-Range Weather Forecasts - ECMWF), dão sinais da chegada de uma La Niña de fraca intensidade

De acordo com o relatório da NOAA, a transição de El Niño para condições ENSO-neutras está em andamento, com probabilidade significativa de desenvolvimento de La Niña entre junho e agosto de 2024 (49% de chance) e entre julho e setembro de 2024 (69% de chance)??. As temperaturas da superfície do mar no Pacífico central têm esfriado continuamente desde dezembro de 2023, com resfriamento significativo na subsuperfície do Pacífico central e oriental??.


Possibilidade para as fases do fenômeno El Niño - Oscilação Sul (ENSO) nos próximos trimestres. Barras cinza indicam condições de Neutralidade, vermelho El Niño, e azul indicam as probabilidades para La Niña. Fonte: NOAA

 

O Bureau de Meteorologia da Austrália também sinalizou o resfriamento das águas, destacando que as temperaturas da superfície do mar no Pacífico central têm diminuído de forma constante, apoiadas por um resfriamento abaixo da superfície. A previsão do BoM indica que  provavelmente as águas permanecerão em Neutralidade até pelo menos outubro, sem indicativos fortes para o estabelecimento da La Niña neste momento.


Previsão para a anomalia das temperaturas na superfície do mar, na região do Niño 3.4. Valores entre ±0.8°C são considerados Neutros, de acordo com o centro australiano. Fonte: Bureau de Meteorologia.

 

As projeções do ECMWF mostram uma clara tendência de queda nas anomalias de SST na região Niño 3.4, desde um pico positivo em dezembro de 2023, sugerindo uma possível transição para condições de La Niña entre julho e setembro de 2024??. A dispersão das previsões indica uma alta incerteza, mas muitas projeções apontam para anomalias de SST abaixo de zero, o que corrobora com a possibilidade de desenvolvimento de La Niña.


Previsão do centro Europeu para as anomalias das temperaturas da água do mar na região do Niño 3.4. Valores entre ±0.5°C são considerados como Neutralidade. Fonte: ECMWF.

 

Embora as diversas previsões indiquem a formação de La Niña, a intensidade esperada é fraca. A análise das projeções sugere que, se La Niña se desenvolver, não terá a força observada em eventos anteriores.

 

La Niña em 2024 será diferente do evento de 2019 a 23.

Diante de todas as projeções, podemos afirmar que há grandes chances de estabelecimento da La Niña no segundo semestre de 2024. Contudo, ainda não está claro o momento exato em que essa mudança ocorrerá. Além disso, com os dados disponíveis até o momento, o cenário será muito diferente do período mais chuvoso e frio nos anos de 2019 a 23.

As condições climáticas para os próximos meses serão altamente influenciadas por fenômenos climáticos variáveis. As projeções de longo prazo, especialmente para o período de junho a agosto, indicam um cenário desafiador para a safra de inverno. Praticamente todo o centro-sul do país deverá enfrentar chuvas abaixo da média histórica para o período. Em contrapartida, áreas do Brasil central podem ter precipitações dentro da média esperada para a época do ano.

No entanto, é importante ressaltar que áreas entre Goiás e Minas Gerais, que historicamente recebem os menores volumes de chuva do ano nesse período, também podem ser afetadas. Além disso, a faixa norte do país, incluindo o norte e leste do Nordeste, deverá ter um período com chuvas abaixo da média histórica.


Áreas em laranja e vermelho indicam chuvas abaixo da média histórica. Fonte: Agrotempo

 

O estresse hídrico será acentuado por temperaturas significativamente acima da média nos meses de inverno. A projeção do Climate Forecast System, da NOAA, aponta para valores que podem ficar até 4°C acima da média ao longo dos meses de inverno, intensificando ainda mais os desafios climáticos para a região.

 


Áreas áreas em marrom indicam previsão de temperaturas até 4°C acima da média histórica. Fonte: Agrotempo.

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