Exportadores de café do Brasil enfrentam cenário desafiador
Medida amplia a instabilidade no mercado internacional

O recente anúncio de aumento da tarifa de importação sobre o café brasileiro por parte dos Estados Unidos — que saltou de 10% para 50% — acendeu o alerta entre agentes do setor cafeeiro global. A medida, que impacta diretamente o principal país exportador de café arábica do mundo, amplia a instabilidade no mercado internacional e acentua as incertezas quanto ao escoamento da atual safra nacional.
De acordo com informações divulgadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a elevação abrupta da tarifa imposta pelos norte-americanos já está refletindo em volatilidade nos preços do grão, tanto no mercado interno quanto externo. O Brasil responde por cerca de 25% do volume de café importado pelos EUA, o que torna a nova taxa um grande entrave à competitividade do produto brasileiro. Enquanto isso, países concorrentes, como a Colômbia — segunda maior fornecedora de café para os Estados Unidos — seguem isentos da cobrança, e o Vietnã, maior exportador de robusta, ainda opera com tarifa de 20%.
Pesquisadores do Cepea destacam que, embora o Brasil possua canais alternativos de exportação e um mercado doméstico robusto, redirecionar o volume que seria destinado aos EUA não é tarefa simples. Isso porque os Estados Unidos possuem uma das indústrias de torrefação mais dinâmicas e exigentes do mundo, o que dificulta substituições rápidas ou integrais por outros destinos.
Diante deste cenário, o setor cafeeiro brasileiro aguarda possíveis desdobramentos diplomáticos e comerciais entre os dois países. Enquanto isso, a tendência é de que os preços continuem oscilando nas bolsas internacionais e que o clima de incerteza permaneça nas negociações, afetando diretamente produtores, exportadores e a cadeia do agronegócio nacional ligada ao café.