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Movimentação de soja e milho no Arco Amazônico cresce 288% nos últimos dez anos

Portos da iniciativa privada representam 64% do escoamento na Região Norte



Foto: Divulgação

A região do Arco Amazônico, que compreende os terminais portuários ao longo do rio Amazonas e seus afluentes — incluindo os localizados abaixo da Baía de Marajó —, ampliou sua relevância no cenário logístico nacional. Em 2024, foram movimentados 87,8 milhões de toneladas, considerando operações de longo curso e cabotagem, número que representou crescimento de 4,8% em relação ao ano anterior. A região consolidou-se como uma das principais rotas de escoamento de mercadorias no Brasil, especialmente de commodities agrícolas. Do total, aproximadamente 64% foram movimentados por Terminais de Uso Privado (TUPs), o que evidencia a participação da iniciativa privada.

As informações são de levantamento da Coordenação de Pesquisas e Desenvolvimento da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP). A entidade, que reúne 70 terminais privados, destacou que, em 2024, a movimentação portuária do Arco Amazônico foi liderada por cargas de granel sólido. A ATP informou que o destaque foi para a bauxita, com 23,9 milhões de toneladas, seguida por soja, com 17,1 milhões de toneladas, e milho, com 13,7 milhões de toneladas. Também houve movimentação expressiva de carga conteinerizada, que somou 9,9 milhões de toneladas. A associação apontou ainda a circulação de produtos químicos inorgânicos, com 5,7 milhões de toneladas, além de petróleo e derivados sem óleo bruto, adubos, fertilizantes e soda cáustica.

Nesse contexto, a ATP ressaltou que a movimentação de soja e milho na região cresceu 288,1% nos últimos dez anos, percentual superior ao registrado em rotas tradicionais de exportação. No mesmo período, o crescimento no porto de Santos foi de 55,3% e, em Paranaguá, de 17,2%. “Em 2024, a movimentação de soja e milho no Arco Amazônico alcançou 30,9 milhões de toneladas, o que correspondeu a 22,8% do total nacional estimado em 135,3 milhões de toneladas”, informou a ATP.

Para fins de comparação, a associação destacou que Santos movimentou 43,9 milhões de toneladas de soja e milho em 2024, equivalente a 32,4% do total nacional, enquanto Paranaguá respondeu por 14,3 milhões de toneladas, ou 10,6%. “Ainda que a soma dos volumes seja superior, o crescimento proporcional e a consolidação do Arco Amazônico como corredor logístico revelam uma mudança na geografia da exportação de grãos no país”, avaliou a ATP.

A associação também observou que os anos de 2024 e 2025 têm imposto desafios à região. A estiagem prolongada, que reduziu os níveis dos rios, somada à demora na execução de dragagens de manutenção, trouxe restrições à capacidade de carregamento das embarcações.

Segundo dados da ATP, essa situação impactou diretamente a movimentação de grãos. “Nos primeiros cinco meses de 2025, a movimentação de soja e milho para longo curso e cabotagem no Arco Amazônico apresentou uma queda de 8,7% em relação ao mesmo período de 2024, com um volume de 13,3 milhões de toneladas”, afirmou a entidade.

Diante desse quadro, a associação disse que tem intensificado os esforços para o fortalecimento da navegação na Região Norte. Entre as medidas, está o projeto da Barra Norte, que busca ampliar o calado autorizado para aumentar a eficiência logística. Paralelamente, o Comitê de Infraestrutura da ATP informou que atua junto ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para viabilizar dragagens estratégicas, como no rio Tapajós.

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