Evolução da resistência da Buva nas regiões produtoras
No RS a resistência da buva foi registrada de forma mais precoce

A buva (Conyza bonariensis) consolidou-se como uma das principais plantas daninhas em lavouras brasileiras, com presença crescente nas áreas de soja, milho e trigo. Sua elevada capacidade de adaptação, aliada ao uso recorrente de herbicidas, tem acelerado o processo de resistência, exigindo novas estratégias de manejo integrado por parte dos produtores.
Segundo especialistas, a evolução da resistência da buva está diretamente relacionada ao uso contínuo de princípios ativos de um mesmo mecanismo de ação, especialmente o glifosato. A planta, altamente prolífica, pode produzir até 250 mil sementes por indivíduo, que se dispersam facilmente pelo vento e colonizam novas áreas, ampliando rapidamente o problema em diferentes regiões do país.
Nas áreas produtoras do Sul do Brasil, especialmente Rio Grande do Sul e Paraná, a resistência da buva foi registrada de forma mais precoce, ainda na década de 2000. O histórico de uso intensivo de glifosato em sistemas de plantio direto e no cultivo de soja RR favoreceu a seleção de biótipos resistentes. Hoje, essa realidade se estende também a herbicidas de outros grupos, como inibidores da ALS e da PPO, limitando as opções de controle químico.
No Centro-Oeste, a disseminação ocorreu de forma mais tardia, mas ganhou força nos últimos dez anos. Em Mato Grosso e Goiás, áreas de soja e milho safrinha passaram a registrar escapes de buva resistentes, comprometendo a eficiência operacional das lavouras. O clima seco durante a dessecação de pré-plantio e a alta pressão de sementes viáveis no solo têm ampliado os desafios de manejo.
Em regiões como Minas Gerais e São Paulo, o avanço da buva resistente também preocupa, sobretudo em áreas de rotação com cana-de-açúcar. A presença dessa planta daninha nas entrelinhas afeta diretamente os custos de produção e a competitividade do setor, que precisa incorporar práticas de controle integrado.
Pesquisadores destacam que a evolução da resistência é um processo contínuo e irreversível, o que reforça a necessidade de diversificação de estratégias. O uso de herbicidas com diferentes mecanismos de ação, aliado ao controle cultural (rotação de culturas, escalonamento de semeadura, cobertura de solo) e práticas mecânicas, surge como alternativa para reduzir a pressão de seleção.
A experiência em diferentes regiões produtoras evidencia que não há solução única. O manejo deve ser adaptado às condições locais, considerando histórico de uso de herbicidas, dinâmica de infestação e sistemas produtivos. Somente a integração de métodos pode desacelerar a evolução da resistência e garantir sustentabilidade no controle da buva.