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Soja registra alta nos preços

A desvalorização do Real permitiu que os preços subissem para os atuais níveis



Foto: Pixabay

Os preços da soja registraram nova, porém, pequena elevação média no Brasil, conforme com a análise semanal da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema). No Rio Grande do Sul esta média fechou a semana em R$ 121,58/saco, porém, as principais praças locais mantiveram o valor de R$ 119,00/saco. Nas demais regiões do país os preços da soja oscilaram entre R$ 107,00 e R$ 114,00/saco.

O recuo do câmbio, que chegou a R$ 5,12 em alguns momentos da semana, para subir a R$ 5,16 na quinta-feira (25), a manutenção de cotações em Chicago estáveis, com viés de baixa na semana, foram temperadas pela boa melhoria nos prêmios nos portos nacionais.

Nosso país, diante de prêmios melhores, aumenta suas exportações de soja em abril. Segundo a Secex, somente em abril as vendas brasileiras já atingiam a 10,2 milhões de toneladas até o dia 22/04, contra pouco mais de 14,3 milhões em todo o mês de abril de 2023. Já no acumulado do ano, as exportações brasileiras somam 32,3 milhões de toneladas, superando as 30,5 milhões do mesmo período de 2023. Trata-se de um recorde histórico para o período, segundo o Brandalizze Consulting. Com a China mais presente no mercado brasileiro, os prêmios para a soja devem continuar firmes nas próximas semanas, sustentando os preços internos do grão. Esta realidade igualmente demonstra que a competitividade da soja brasileira, no momento, continua melhor do que a do produto dos EUA. Ou seja, nosso produto está cerca de 4% mais barato nas ofertas FOB porto, em relação aos EUA, lembrando que o país norte-americano praticamente não tem mais muita soja para exportar no momento, especialmente por questões de logística. Diante da realidade de custos e preços internos, há espaço para um aumento de 6% ainda nos valores FOB. Lembrando que “a cada 10 pontos de prêmios, com o dólar na casa dos R$ 5,00, é o equivalente a algo como R$ 1,10 a R$ 1,15 por saco. Então, se subiu 30 pontos o prêmio, isso equivale a quase R$ 3,30 de ágio só com os prêmios”. (cf. Pátria Agronegócios)

Por outro lado, a demanda interna parece iniciar um processo de fortalecimento, porém, as margens internas estão ruins. Talvez para o segundo semestre a situação melhore. Neste sentido, consta que “as retiradas dos contratos de biodiesel estão muito lentas, pressionando as margens e também o processamento. Há relatos de que uma processadora em Mato Grosso está operando com 50% de sua capacidade porque os tanques estão cheios. Se essa situação for geral, o processamento começará a cair, o que pode começar a reduzir a oferta de farelo no mercado". Lembrando que a mistura de 14% do biodiesel no diesel de petróleo vale desde 1o de março aqui no país, de acordo com a Pátria Agronegócios.

Assim, a desvalorização do Real, somada a melhoria dos prêmios, permitiu que os preços subissem para os atuais níveis nos últimos meses, acumulando um ganho superior a R$ 10,00/saco no período de 45 dias. Obviamente, nem todo o ganho que as empresas têm no porto é repassado aos produtores no interior, porém, há sim uma parte destes ganhos que chega até os mesmos.

Dito isso, é bom frisar que as exportações ainda estão lentas neste ano. Considerando uma safra ao redor de 148 milhões de toneladas, cerca de 72 milhões já foram comprometidas com a exportação. O “normal” para esta época seria um volume um pouco acima de 85 milhões. Além disso, logo adiante deveremos assistir uma pressão de vendas por parte dos produtores brasileiros, diante dos compromissos bancários que começam a vencer. Isso pode estancar o movimento de alta dos preços internos. Enfim, a colheita da atual safra brasileira de soja teria chegado a 89,2% da área no dia 19/04, contra 91,1% na média histórica para a data, segundo a Pátria Agronegócio. No Rio Grande do Sul, segundo a Emater, a colheita chegava a 66% da área no dia 25/04, contra 73% na média histórica para esta data. E no Paraná, o Deral indicou que a safra local será mesmo menor do que o esperado, devendo atingir a 18,3 milhões de toneladas, com a mesma já estando toda colhida. Isso representa 16% a menos do que o inicialmente esperado.

Já a Anec prevê que o Brasil exporte 13,5 milhões de toneladas de soja neste mês de abril. Em farelo, os embarques chegariam a 2,44 milhões de toneladas, com uma redução de 130.000 toneladas sobre o estimado na semana anterior.

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