Milho: produtores adiam vendas à espera de alta
Produtores seguram milho, mas preço segue em baixa

A análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), publicada na última quinta-feira (31), aponta que os preços do milho no Brasil seguem pressionados pela colheita da segunda safra em ritmo recorde e pelas exportações abaixo do esperado. De acordo com o relatório, “os preços do milho continuam com viés de baixa devido à pressão da safrinha recorde e de exportações que não deslancham”.
Segundo analistas, até o fim de julho 53,3% da área da segunda safra havia sido colhida. No mesmo período do ano passado, esse índice era de 77,3%, enquanto a média histórica está em 57,7%. No Centro-Sul, a colheita alcançou 68% da área plantada, ante 91% no mesmo período de 2024. Em nível nacional, dados da Conab indicam que a colheita chegou a 66,1% até o dia 27 de julho, frente aos 70,1% da média histórica.
Com os preços em queda, muitos produtores têm evitado comercializar o milho, o que, segundo o relatório, “apenas evita que os preços recuem com maior rapidez”. No entanto, a proximidade do vencimento de contratos de custeio entre os dias 30 de agosto e 30 de setembro deverá forçar vendas, ampliando a pressão sobre os valores de mercado.
A estimativa para a segunda safra brasileira de milho é de 123,3 milhões de toneladas. Com a inclusão da safra de verão e da terceira safra, a produção total do grão em 2025 poderá chegar a 150 milhões de toneladas, número considerado recorde. A Ceema observa que “somente a safrinha deverá crescer quase 20% sobre o ano anterior, sendo ela batizada, no momento, de ‘mãe de todas as safrinhas’”.
No atual cenário, a expectativa é de manutenção da tendência de baixa para os preços do milho, com pouca chance de valorização nos próximos meses. A possibilidade de um novo ciclo produtivo favorável em 2026 pode manter os preços pressionados por mais tempo.