Geadas afetam hortaliças no Paraná e podem impactar preços
Frio intenso ameaça produção de hortaliças

As geadas registradas entre terça (24) e quarta-feira (25) em diversas regiões do Paraná e do país podem impactar a oferta e o preço das hortaliças. A informação consta no Boletim de Conjuntura Agropecuária divulgado nesta quinta-feira (26) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Segundo os analistas do órgão, ainda não é possível mensurar as perdas, que dependerão de avaliações a campo nos próximos dias.
O boletim destaca que a massa de ar frio responsável pelas geadas deve perder força gradualmente. Em resposta ao risco climático, produtores têm adotado medidas preventivas, como irrigação, uso de coberturas físicas — como telas, plásticos e tecidos não tecidos — e estratégias de manejo baseadas no conhecimento das características da propriedade.
O Deral ressalta que o acesso a informações meteorológicas tem se aprimorado. O Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) fornece previsões de até 15 dias, e o serviço Alerta Geada, operado em conjunto com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), antecipa possíveis ocorrências com até 72 horas de antecedência.
Com presença em todos os 399 municípios do estado, a olericultura paranaense é responsável por um Valor Bruto da Produção (VBP) estimado em R$ 6,6 bilhões em 2024, o que corresponde a 3,5% da produção agropecuária total do estado.
Apesar da estrutura e do preparo técnico dos agricultores, a exposição às intempéries continua sendo um fator de risco. “A natureza biológica da atividade rural impõe ao agricultor o risco como passivo permanente, posicionando-o como o elemento mais frágil deste sistema produtivo, estando à mercê de, em questão de minutos ou horas, perder suas lavouras pelas intempéries”, observa o boletim.
Ainda segundo o documento, especulações em mercados atacadistas podem gerar distorções nos preços, mesmo antes de uma avaliação precisa das perdas. Para o Deral, esse comportamento ignora as dificuldades do campo e prejudica a percepção urbana sobre o esforço necessário para garantir o abastecimento de alimentos.
O boletim também sugere maior aproximação entre campo e cidade, por meio de feiras de produtores e roteiros de turismo rural, como forma de ampliar a compreensão sobre a realidade agrícola.