Tarifa dos EUA ameaça indústria química brasileira
A relevância da indústria química é evidente

A imposição de uma tarifa linear de 50% sobre as vendas de produtos brasileiros nos Estados Unidos já preocupa diferentes setores da economia nacional. Segundo Wander Pascini da Silveira, Head de Desenvolvimento Técnico do Grupo Flexível, um estudo do Banco Inter aponta que, caso o Brasil adote a reciprocidade tarifária contra os americanos, a indústria química seria uma das mais afetadas, com perda estimada de 6,6% na produção e impactos em 56 dos 66 segmentos da indústria de transformação.
A relevância da indústria química é evidente: ela representa cerca de 11% do PIB da transformação e é essencial para áreas estratégicas como saúde, agronegócio, construção civil e automotiva. Produtos como poliuretano e elastômeros de PU, por exemplo, têm aplicações que vão desde isolamento térmico em granjas e tanques de leite até componentes que aumentam a eficiência e a durabilidade de máquinas agrícolas e veículos.
O setor também impulsiona a construção civil, ao oferecer soluções que reduzem custos, aumentam a eficiência energética e ampliam a sustentabilidade das obras. Já na indústria automotiva, os polímeros químicos substituem metais e vidro, ajudando a reduzir peso, aumentar a segurança e ampliar a capacidade de inovação no design dos veículos.
Apesar de sua importância, a indústria química brasileira enfrenta grandes desafios estruturais, como o alto custo de insumos e energia, além de gargalos logísticos. Segundo a Abiquim, o setor registrou no primeiro trimestre de 2025 seu pior desempenho em mais de três décadas, com queda de 3,8% na produção. Esse cenário reforça a urgência de políticas que fortaleçam a competitividade, diante de um contexto global de tarifas e disputas comerciais.
“Parte disso acontece, pois o setor paga por insumos 5 a 7 vezes mais do que em outros países. Além disso são necessárias reformas estruturantes que contribuam para reduzir custos de energia e de logística, que são essenciais para a indústria química. Apesar de não ter sido elaborado com esse objetivo, o estudo do Banco Inter reforça a importância dos produtos químicos para toda a indústria de transformação e para a economia nacional”, conclui.