Fed reduz juros pela primeira vez em 2025 e prevê mais dois cortes
Corte de juros pelo Fed marca virada na política econômica dos EUA

O Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve) anunciou a redução de sua taxa básica de juros para o intervalo de 4% a 4,25%, conforme comunicado oficial divulgado nesta quarta-feira (17). A medida encerra uma sequência de cinco reuniões seguidas com manutenção das taxas e marca o primeiro corte promovido em 2025, ano em que Donald Trump reassumiu a presidência do país.
A decisão ocorre em meio a crescentes sinais de desaceleração na atividade econômica e no mercado de trabalho. “A criação de empregos desacelerou e a taxa de desemprego subiu ligeiramente, mas permanece baixa”, diz o comunicado, que também aponta que “os riscos negativos para o emprego aumentaram”.
A inflação anualizada nos EUA está atualmente em 2,6%, acima da meta de 2% estabelecida pelo Fed. Mesmo assim, a autoridade monetária optou pelo corte diante do enfraquecimento do mercado de trabalho, reforçando seu compromisso com o duplo mandato de “pleno emprego e estabilidade de preços”.
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Segundo o próprio comitê de política monetária do Fed, são esperadas mais duas reduções até o fim deste ano, caso os dados econômicos confirmem o atual cenário de enfraquecimento. “Ao considerar ajustes adicionais [...] o Comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspectivas e o equilíbrio de riscos”, diz o documento.
A decisão foi aprovada por ampla maioria entre os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC). Apenas Stephen I. Miran votou contra a medida, defendendo um corte mais agressivo de 0,5 ponto percentual.
Contexto político e econômico
A decisão ocorre sob forte pressão do governo Trump, que tem cobrado redução dos custos de financiamento para estimular a atividade econômica. Ainda que o comunicado não mencione diretamente a palavra “tarifas”, o presidente do Fed, Jerome Powell, reconheceu em coletiva os possíveis efeitos de políticas comerciais e fiscais na inflação.
Além disso, o documento ressalta que o ambiente externo e os desenvolvimentos financeiros internacionais seguem sendo monitorados de perto, indicando uma postura de cautela para os próximos passos da autoridade monetária.
Veja o comunicado na íntegra:
Indicadores recentes sugerem que o crescimento da atividade econômica moderou-se no primeiro semestre do ano. A criação de empregos desacelerou e a taxa de desemprego subiu ligeiramente, mas permanece baixa. A inflação subiu e permanece relativamente elevada.
O Comitê busca atingir o máximo de emprego e inflação a uma taxa de 2% no longo prazo. A incerteza quanto às perspectivas econômicas permanece elevada. O Comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato e avalia que os riscos negativos para o emprego aumentaram.
Em apoio aos seus objetivos e à luz da mudança no equilíbrio de riscos, o Comitê decidiu reduzir a meta para a taxa básica de juros em 1/4 de ponto percentual, para 4 a 4-1/4 por cento. Ao considerar ajustes adicionais à meta para a taxa básica de juros, o Comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspectivas e o equilíbrio de riscos. O Comitê continuará reduzindo suas participações em títulos do Tesouro, títulos de dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências. O Comitê está fortemente comprometido em apoiar o emprego máximo e retornar a inflação à sua meta de 2%.
Ao avaliar a postura adequada da política monetária, o Comitê continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas. O Comitê estará preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado, caso surjam riscos que possam impedir a consecução dos objetivos do Comitê. As avaliações do Comitê levarão em consideração uma ampla gama de informações, incluindo dados sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, além de desenvolvimentos financeiros e internacionais.
Votaram a favor da ação de política monetária Jerome H. Powell, presidente; John C. Williams, vice-presidente; Michael S. Barr; Michelle W. Bowman; Susan M. Collins; Lisa D. Cook; Austan D. Goolsbee; Philip N. Jefferson; Alberto G. Musalem; Jeffrey R. Schmid; e Christopher J. Waller. Votaram contra esta ação Stephen I. Miran, que preferiu reduzir a meta da taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual nesta reunião.