O Brasil precisa comandar o agro global
“A próxima década será dominada por quem investir em ciência e dados"

O Brasil precisa deixar de ser apenas o campo e assumir também o papel de cérebro da agricultura global. Para Renato Seraphim, estrategista de Agronegócio, a próxima década será dominada por quem investir em ciência, dados, parcerias e propósito. Isso exige uma mudança de mentalidade: é preciso abraçar a transformação digital, desenvolver inteligência de mercado e pensar estrategicamente o agro brasileiro. “Minha defesa sempre será a do agricultor”, comenta.
Em artigo publicado após sua participação no CPEX 2025, na China, Seraphim destaca que o país desperta cada vez mais interesse global pela sua experiência em agricultura tropical. No entanto, ao mesmo tempo em que é admirado, o Brasil também se torna mais dependente de insumos externos, especialmente da China. Empresas chinesas, como Rainbow Agro, buscam protagonismo global, investindo em tecnologia, marketing e serviços, o que representa riscos e oportunidades para o agronegócio nacional.
“Apresentei exemplos práticos do uso de tecnologias nutricionais, agricultura de precisão e soluções integradas que colocam o agricultor no centro das decisões. A mensagem foi recebida com clareza: o mundo quer aprender com o Brasil – e fazer negócios com ele. É fundamental que essa percepção se traduza em parcerias que valorizem nosso know-how tropical”, indica.
Para manter o protagonismo, o Brasil precisa investir em P&D tropical, parcerias estratégicas e produção local de insumos. Nosso conhecimento em manejo, sustentabilidade e uso de biológicos é um diferencial competitivo que pode ser exportado. Mas, para isso, é necessário adotar um posicionamento mais estratégico e menos reativo no cenário global.
“A próxima década será dominada por quem investir em ciência, dados, parcerias e propósito. As oportunidades em meio à crise se tornarão, de fato, avanços em tempos de mudança. O futuro da agricultura global passa pelo nosso campo, mas também pela nossa capacidade de pensar, inovar e construir pontes estratégicas”, conclui.