Conflito no Oriente Médio eleva incertezas no mercado da soja
Conflito também afeta o setor de fertilizantes

O ataque das forças norte-americanas a instalações nucleares iranianas reacendeu a tensão no Oriente Médio e trouxe reflexos para o mercado global de energia. Três centros de enriquecimento de urânio localizados em Fordow, Natanz e Isfahan foram atingidos. Em resposta, o Irã anunciou o bloqueio do Estreito de Ormuz, importante corredor por onde passam aproximadamente 20% do petróleo e 25% do gás natural liquefeito consumidos no mundo. Segundo análise da Grão Direto, divulgada nesta segunda-feira (23), a ofensiva e o bloqueio devem impactar diretamente as cotações do óleo de soja, dada a forte correlação entre os mercados de energia e oleaginosas.
Além do petróleo, o conflito também afeta o setor de fertilizantes. O Irã, responsável por uma produção anual de cerca de 7 milhões de toneladas de fertilizantes nitrogenados, exporta aproximadamente 5 milhões de toneladas desse volume. A Grão Direto alerta que, com a escalada da crise, existe risco de aumento nos preços internacionais desses insumos, além de possíveis dificuldades logísticas nas rotas de exportação. A preocupação se concentra principalmente nos nitrogenados, que já vinham apresentando recuperação de preços desde o início de maio.
No mercado cambial, a elevação da taxa Selic para 15%, com alta de 0,25 ponto percentual, poderia favorecer o real frente ao dólar em um cenário de normalidade. No entanto, as incertezas globais provocadas pela crise no Oriente Médio têm levado os investidores internacionais a buscar ativos considerados mais seguros, como os títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Esse movimento sustenta a valorização do dólar, mesmo diante da alta dos juros no Brasil.
Segundo a análise, o mercado internacional da soja deve iniciar a semana com viés de alta, impulsionado pela Bolsa de Chicago. No entanto, no Brasil, o produtor precisará observar com atenção a evolução do câmbio e o comportamento do petróleo. “O avanço nos custos pode anular qualquer possível ganho de preço”, alerta o relatório da Grão Direto.