Pressão externa e safra recorde mantêm preços do algodão em queda
A paridade de exportação também retraiu

Os preços do algodão em pluma seguem em trajetória de queda no mercado brasileiro. Segundo levantamento do Cepea, a combinação entre fatores externos e fundamentos domésticos tem pressionado as cotações nas primeiras semanas de setembro. A desvalorização do contrato na Bolsa de Nova York (ICE Futures) e o recuo do dólar, que registra o menor patamar desde meados de 2024, reduzem a competitividade do produto nacional no mercado internacional.
A paridade de exportação também retraiu, atingindo os mesmos níveis observados em dezembro de 2020. Esse movimento compromete a atratividade das vendas externas e limita o escoamento da produção. Em paralelo, a demanda interna segue contida, sem sinais de aquecimento no curto prazo, o que amplia o excedente de produto no mercado doméstico.
Conforme dados do Cepea, o Indicador CEPEA/ESALQ (pagamento em oito dias) acumulou queda de 6% na primeira quinzena de setembro. No dia 15, a cotação foi de R$ 3,6703/libra-peso, refletindo a pressão do ambiente externo e da ampla oferta prevista. No dia 12, o valor chegou a R$ 3,6590/lp – o menor nominal desde 6 de julho de 2023.
No campo, a colheita da safra 2024/25 avança para a reta final. De acordo com relatório da Conab divulgado este mês, a produção brasileira de algodão em pluma deve alcançar, pela primeira vez, a marca histórica de 4 milhões de toneladas. O volume representa um crescimento de 9,7% em relação à temporada anterior (2023/24), reforçando a condição de superoferta.
Esse aumento da produção ocorre em um cenário de preços enfraquecidos, o que pode afetar a rentabilidade dos cotonicultores, especialmente aqueles com maior dependência das exportações. A queda no dólar compromete a conversão cambial e pressiona os contratos indexados à moeda norte-americana, enquanto o recuo na ICE reduz o apetite de compradores internacionais.
Diante do atual panorama, agentes de mercado observam com cautela o comportamento da demanda global e o câmbio nas próximas semanas. A expectativa de uma safra cheia, somada à manutenção da pressão externa, deve manter as cotações internas sob pressão até que haja sinais mais consistentes de recuperação do consumo ou mudança no cenário macroeconômico.