Bactéria vira insumo natural para combater efeitos da seca
Inoculante foi formulado para proteger as plantas em condições de escassez hídrica

Uma bactéria isolada de solos áridos do Ceará se tornou o ingrediente principal de uma nova tecnologia voltada para reduzir os impactos da seca nas lavouras brasileiras. Batizado de Hydratus, o inoculante foi desenvolvido pela Embrapa Milho e Sorgo (MG), em parceria com a empresa Bioma, e já possui registro no Ministério da Agricultura e Pecuária para uso na cultura da soja, estando em testes para aplicação em outras culturas.
Segundo a Embrapa, produzido com a bactéria Bacillus subtilis, o Hydratus foi formulado para proteger as plantas em condições de escassez hídrica e estimular o crescimento. Estudos em áreas comerciais indicaram aumento de até 7,7 sacas por hectare na produção de milho e 4,8 sacas por hectare em lavouras de soja tratadas com o bioproduto.
A Embrapa destaca que o diferencial do inoculante está na seleção e concentração elevada de células de Bacillus, combinada a uma formulação com agentes protetores que favorecem a sobrevivência da bactéria no solo e prolongam a meia-vida do produto na prateleira.
Em testes laboratoriais, o microrganismo apresentou potencial de produção de fitohormônios, que alteram a morfologia e aumentam o tamanho das raízes, mecanismos que contribuem para a adaptação das plantas à seca. “É por esse motivo que as plantas acabam crescendo mais e apresentando desenvolvimento mais robusto com a aplicação do produto”, explicam os pesquisadores.
Testes de campo em diferentes condições de solo e clima mostraram que a inoculação da estirpe B. subtilis 1A11 aumentou a produção de soja e milho em 4,8 e 7,7 sacas por hectare, respectivamente, em 30 áreas comerciais. Os trabalhos foram conduzidos pela equipe de desenvolvimento da Bioma, sob coordenação do diretor de pesquisa Artur Soares, e pelo pesquisador Geraldo Magela de Almeida Cançado, da Embrapa Agricultura Digital (SP).
O cenário de mudanças climáticas, que tem afetado a regularidade das chuvas e elevado a incidência de secas, interfere na produtividade agrícola, reforçando a importância de tecnologias que aumentem a resiliência das lavouras.
A equipe de desenvolvimento do Hydratus inclui os pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo Eliane Aparecida Gomes, coordenadora, Christiane Abreu de Oliveira Paiva, Flávia Cristina dos Santos, Ivanildo Evódio Marriel, Maycon Campos Oliveira, Paulo César Magalhães, Sylvia Morais de Sousa e Ubiraci G. P. Lana, além de Geraldo Cançado, João Francisco Antunes e Eduardo Antonio Speranza, da Embrapa Agricultura Digital, com apoio dos bolsistas Julio Cezar Souza Vasconcelos e Caio Simplício Arantes.