Israel x Irã: conflito no Oriente Médio eleva preocupação com fertilizantes

O agravamento do confronto entre Israel e Irã já provoca reflexos no mercado internacional de fertilizantes nitrogenados. Segundo relatório semanal divulgado pela StoneX, a região afetada concentra importantes produtores da indústria, como o Irã e o Egito. Os desdobramentos recentes aumentaram a apreensão quanto à disponibilidade desses insumos. De acordo com Tomás Pernías, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, não há registro de danos diretos à infraestrutura produtiva dos países envolvidos, mas os efeitos indiretos já começaram a surgir. “Na sexta-feira (13/6), as notícias sobre o conflito impulsionaram os preços futuros da Ureia nos Estados Unidos, no Oriente Médio e no Brasil, refletindo a percepção do mercado de que o evento representa um fator de alta”, afirma.

Entre os efeitos observados, Israel reduziu a produção de gás em polos importantes, o que afetou diretamente o Egito, que utiliza esse insumo na fabricação de fertilizantes. Como consequência, a produção de ureia egípcia foi interrompida. No Irã, as incertezas geopolíticas também resultaram na redução da produção de nitrogenados. “Diante do cenário de instabilidade, diversos fornecedores optaram por retirar suas ofertas do mercado até que haja mais clareza sobre os efeitos do conflito na oferta e na demanda”, complementa Pernías.

A alta do petróleo é outro fator que pressiona o mercado. Desde a intensificação das tensões,o combustível passou a registrar alta. “Se essa valorização se prolongar, pode elevar os custos de fretes marítimos e rodoviários. Isso adiciona mais um componente de pressão sobre os custos de importação”, explica o analista.

Segundo Pernías, o cenário requer cautela por parte do Brasil, um dos países com maior dependência de fertilizantes nitrogenados importados. Com a aproximação do período de plantio da soja e da safrinha, marcado por alta demanda por insumos, a instabilidade nos preços internacionais tende a influenciar diretamente o custo de produção agrícola. “Embora os impactos sobre os preços da ureia no Brasil ainda não estejam completamente definidos, o momento não é favorável para os compradores, especialmente os que ainda não realizaram suas aquisições”, conclui.