CI

Tecnologia amplia capacidade de antecipar tempestades, estiagens e outros desastres naturais

Uso estruturado de IA pode aumentar a produtividade em até 40% em alguns segmentos



Foto: Arquivo

O uso de inteligência artificial em modelos de previsão e análise de risco tornou-se uma das principais frentes de transformação na gestão corporativa. 72% das empresas globais já adotam IA em alguma área de suas operações, e essa adesão tem se mostrado crescente, especialmente em setores como energia, agricultura, logística e seguros. O uso estruturado de IA pode aumentar a produtividade em até 40% em alguns segmentos, além de reduzir significativamente erros operacionais e ampliar a capacidade preditiva em ambientes de alta complexidade.

O crescimento da adoção também se explica pela maturidade dos modelos preditivos, que agora incorporam não apenas grandes volumes de dados históricos, mas variáveis ambientais, econômicas e comportamentais, permitindo diagnósticos mais contextualizados. Em países com alta dependência de fatores externos, como o clima, a incorporação de IA à leitura de cenários já não é diferencial técnico, mas instrumento essencial de tomada de decisão. Esse movimento global acompanha a rápida expansão do mercado de gestão de riscos climáticos, impulsionado tanto pela intensificação das mudanças ambientais quanto pelos avanços em IA e visão computacional.

Nesse contexto, um dos maiores investimentos já realizados pela Bossa Invest foi direcionado ao desenvolvimento de uma tecnologia inédita no Brasil: a MeteoIA, startup que criou o primeiro sistema nacional de previsão climática de longo prazo baseado em inteligência artificial e em modelos próprios, construídos a partir de dados físicos, atmosféricos e geográficos locais. A iniciativa representa mais do que um investimento em inovação tecnológica, trata-se da validação de uma tese estratégica que propõe a transformação do clima em variável mensurável, previsível e aplicável à gestão de risco em setores críticos da economia. “Inteligência climática deixou de ser uma ferramenta de apoio e passou a ser um componente central na tomada de decisões de médio e longo prazo, especialmente em ambientes produtivos sensíveis a variações do tempo”, explica Paulo Tomazela, CEO da Bossa Invest. A startup opera com uma equipe altamente qualificada e experiente em tecnologia e negócios, o que cria diferenciais competitivos e barreiras de entrada relevantes, embora esteja em fase de reforço da estrutura comercial para ampliar capilaridade e acelerar adoção no mercado corporativo.

A principal inovação da MeteoIA está na capacidade de operar com autonomia tecnológica. Enquanto a maior parte das empresas de meteorologia no Brasil utilizam modelos importados adaptados à realidade local, a ferramenta desenvolve seu próprio arcabouço técnico e estatístico, com base em padrões climáticos nacionais, topografia, tipos de solo e dinâmica atmosférica regional. Essa abordagem resulta em um sistema de previsão mais alinhado às especificidades do território, com capacidade de aprendizado contínuo e maior precisão nos diagnósticos. O diferencial está no MIA, um sistema de IA que  gera previsões precisas de variáveis adequadas à tomada de decisão com alcance de até 12 meses e com granularidade por microrregião. O sistema oferece respostas aplicáveis à gestão do agronegócio, à previsibilidade de geração energética, ao cálculo atuarial de seguros climáticos e ao planejamento logístico de cadeias de abastecimento. A startup também adota uma mentalidade de "produtização", permitindo a criação de diferentes unidades de negócio validadas por grandes players do mercado, o que amplia exponencialmente seu potencial de crescimento.

Com o investimento, a startup amplia sua capacidade operacional e acelera a consolidação da tecnologia junto a empresas, governos e instituições financeiras que atuam em setores expostos à volatilidade do clima. Em um cenário de mudanças ambientais cada vez mais frequentes e escassez de ferramentas de antecipação, soluções como a da MeteoIA ganham relevância por oferecerem previsibilidade em um campo historicamente dominado pela incerteza. Para a Bossa Invest, trata-se de uma inflexão importante na lógica de alocação de capital em venture capital no Brasil: a tecnologia deixa de ser um fim em si e passa a ser infraestrutura crítica para decisões econômicas. “Clima não é mais um imprevisto, é uma variável de negócio. E quem souber antecipá-lo, vai liderar”, afirma Paulo Tomazela. A rodada seed atual da MeteoIA será direcionada ao desenvolvimento de um modelo comercial mais escalável, considerando que a complexidade do tema e a necessidade de adaptação dos processos de decisão nas empresas ainda prolongam os ciclos de venda, o que reforça a importância da educação de mercado como parte estratégica do crescimento.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.