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Quase 30% das empresas em recuperação judicial falem

"Empresas ingressam com o pedido quando já perderam liquidez"


"Empresas ingressam com o pedido quando já perderam liquidez" "Empresas ingressam com o pedido quando já perderam liquidez" - Foto: Pixabay

O número de empresas em recuperação judicial no Brasil cresce a cada ano, impulsionado por juros altos, restrição de crédito e efeitos pós-pandemia. Em 2024, os pedidos de recuperação judicial aumentaram 61,8%, segundo a Fecomercio-SP. Entretanto, levantamento do Monitor RGF revela que 29% das empresas que saíram de processos de recuperação no segundo semestre de 2025 encerraram em falência.

Muitas empresas buscam a recuperação quando já não possuem viabilidade econômica. Por desconhecimento, teimosia de gestores ou medo do estigma, ingressam com o pedido quando perderam liquidez, ativos estratégicos ou credibilidade no mercado. “Por desconhecimento, teimosia de seus gestores e/ou medo do estigma associado à recuperação judicial, empresas ingressam com o pedido quando já perderam liquidez, ativos estratégicos ou credibilidade no mercado, ou seja, quando o negócio já se tornou irrecuperável”, explica Fernando Canutto, sócio do Godke Advogados e especialista em Direito Empresarial.

A recuperação judicial, prevista na Lei 11.101/2005, é destinada a empresas viáveis com dificuldades financeiras temporárias. Quando o pedido é tardio, o processo funciona mais como rito pré-falimentar do que como oportunidade de reorganização.

Além disso, o cenário econômico pesa tanto quanto a legislação. Em períodos de juros altos, crédito restrito, retração do consumo e custos elevados, até empresas com planos bem estruturados enfrentam dificuldades para cumprir obrigações. A lei oferece a ferramenta, mas o ambiente econômico decide o sucesso ou fracasso da recuperação.

“O problema é que, em períodos de juros altos, crédito restrito, retração do consumo ou aumento de custos, turbulência internacional e desconfiança quanto à capacidade governamental de aplacar, ou, até mesmo, deixar de corroborar com o aumento da crise, as empresas com os planos mais bem estruturados encontram dificuldades para cumprir suas obrigações. Ou seja, a legislação fornece a ferramenta, mas o ambiente econômico é decisivo para o sucesso ou fracasso da recuperação”, conclui Canutto.
 

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