Gestão trabalhista no agro: prevenir é proteger
“O campo moderno exige gestão moderna"

O avanço tecnológico e a abertura de mercados no agronegócio brasileiro não têm sido acompanhados, na mesma medida, pela profissionalização da gestão de pessoas no campo. Segundo a advogada especialista em Direito Empresarial Daniela Correa, um dos principais pontos de fragilidade jurídica e risco reputacional do setor está na informalidade das relações de trabalho e na ausência de práticas estruturadas de compliance nas propriedades rurais e agroindústrias.
Para produtores, cooperativas e empresas que contratam e gerem mão de obra, transformar a relação com o trabalhador rural em um eixo estratégico é essencial. Isso envolve desde o registro formal e controle de jornada até treinamentos, canais de denúncia e políticas claras de conduta. Um programa básico de compliance deve contemplar o mapeamento de funções, auditorias periódicas, capacitação de lideranças e prevenção de situações como assédio e moradia precária.
Além de evitar processos que podem resultar em multas, embargos e dificuldades nas negociações com grandes compradores, o compliance trabalhista contribui para a melhoria do clima organizacional e a redução da rotatividade de funcionários. Tais medidas são, segundo Correa, ferramentas de segurança jurídica e também de sustentabilidade social.
“O campo moderno exige gestão moderna. E isso inclui a visão estratégica sobre quem faz o agro acontecer: a equipe contratada. Investir em uma estrutura legal sólida, em procedimentos claros e no fortalecimento da cultura de respeito ao trabalhador rural é, mais do que uma obrigação, uma decisão inteligente para proteger o negócio, os ativos e a reputação. O futuro do agro não depende só de tecnologia ou mercado. Depende também da capacidade de empresas e produtores de fazerem a coisa certa no presente — com segurança jurídica, previsibilidade e responsabilidade na gestão das pessoas”, conclui.