Hospedagem cara ameaça organização da COP 30
A raiz do problema está na baixa oferta de leitos da capital paraense

A COP 30, marcada para novembro de 2025 em Belém (PA), tem sido alvo de críticas não pela pauta ambiental, mas pela chamada “crise de hospedagem”. Os preços das diárias dispararam, chegando a ultrapassar US$ 2 mil por noite, o que dificulta a participação de países em desenvolvimento e pequenas nações insulares. Delegações estrangeiras já manifestaram preocupação, e alguns governos cogitaram reduzir equipes ou até mesmo não participar do encontro.
A raiz do problema está na baixa oferta de leitos da capital paraense, insuficiente para atender a mais de 70 mil visitantes esperados, e no aumento desproporcional praticado por hotéis e imóveis particulares. Há casos de valores considerados abusivos, como o de um novo hotel da Rede Tivoli, construído em prédio público cedido e com financiamento estatal, que pretende cobrar diárias de R$ 15 mil e até R$ 206 mil na suíte presidencial. Essa situação provocou pressões internacionais para que a conferência fosse transferida, mas o Itamaraty confirmou a manutenção do evento em Belém.
Para mitigar o problema, o governo federal reservou 2.500 quartos em uma plataforma oficial destinada às delegações, além de organizar a chegada de dois transatlânticos que somarão 6 mil leitos. A estratégia inclui ainda negociações com cidades vizinhas e campanhas para sensibilizar hotéis, pousadas e famílias a praticarem preços razoáveis. Até agora, 39 países já confirmaram hospedagem pela plataforma oficial, enquanto outros oito fecharam acordos diretamente com hotéis.
Apesar da crise, a realização da conferência em território amazônico é considerada simbólica e estratégica. Será nesse cenário, marcado por carências de infraestrutura, mas também pela riqueza cultural e ambiental, que os países discutirão temas decisivos como metas climáticas, financiamento para adaptação e mitigação e compensações ambientais. A expectativa é de que Belém consiga superar o impasse e mostrar ao mundo que a Amazônia pode ser palco de debates centrais para o futuro do planeta.