
De acordo com Poliana Almeida Melo, representante comercial de vendas na SEEDCORP | HO, em publicação no LinkedIn, na cultura da soja a construção da sanidade não começa no florescimento (R1), mas sim no vegetativo (V). É nessa fase que se define o potencial fotossintético da planta, formando a base da produtividade. Porém, junto com esse desenvolvimento, surgem doenças silenciosas, muitas vezes negligenciadas, que impactam diretamente os resultados: septoriose, cercosporiose, mancha-alvo, oídio e antracnose. Esses patógenos vêm do solo, palhada, sementes e do ambiente, tornando essencial o manejo antecipado.
Doenças como septoriose, que se intensifica após V4, cercosporiose, que exige controle desde cedo, e mancha-alvo, que se instala entre V4 e V7, apresentam alta agressividade. Já o oídio avança rapidamente em folhas novas, demandando uso de estrobilurinas (QoI), enquanto a antracnose, vinda da semente, age de forma silenciosa no início. Portanto, aplicar fungicida no vegetativo não é exagero — é uma estratégia técnica com retorno comprovado. O que não se protege no V, inevitavelmente se perde no R.
A escolha dos grupos químicos é crucial. As estrobilurinas (QoI) oferecem excelente ação preventiva e efeito fisiológico, porém têm baixa ação curativa e alto risco de resistência se usadas isoladamente. Já os triazóis (DMI) possuem boa ação curativa, mobilidade sistêmica e residual curto. As carboxamidas (SDHI) combinam alta eficácia preventiva e curativa precoce, com longo residual e maior custo. Por fim, os multissítios são fundamentais na estratégia anti-resistência, com efeito exclusivamente preventivo.
O conceito de Aplicação Zero, realizado entre V3 e V4, antecipa o controle antes da infecção, evitando a instalação de patógenos latentes e reduzindo a pressão no reprodutivo. Isso garante folhas mais ativas, nós bem formados e maior proteção da estrutura produtiva. Deixar de manejar no vegetativo resulta em mais inóculo no R, menor área foliar, uso excessivo de fungicidas com menor eficiência, risco elevado de resistência e perdas que podem chegar a 7 sacas por hectare.