Taxação de Trump pode esvaziar o prato do brasileiro
“Estamos diante de uma verdadeira sopa de taxas"

A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros no início de julho reacendeu o debate sobre os impactos de decisões econômicas internacionais na segurança alimentar do Brasil. A medida atinge diretamente setores como carne bovina, suco de laranja, café e maquinário agrícola, prejudicando exportações e pressionando a cadeia produtiva nacional.
“Estamos diante de uma verdadeira sopa de taxas. Alta da Selic, aumento do IOF, proposta de taxação das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e, agora, tarifas comerciais internacionais. O prato do brasileiro começa a ficar mais caro e mais vazio”, afirma a advogada especialista em Direito Agrário e do Agronegócio Márcia de Alcântara, integrante do escritório Celso Cândido de Souza Advogados.
Essa nova barreira comercial se soma a fatores internos que já vinham dificultando o avanço do agronegócio, como a alta da taxa Selic, o aumento do IOF e a proposta de taxação das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs). O resultado é uma elevação nos custos de produção e redução da competitividade, criando um cenário de incerteza para produtores rurais.
Com a perda de atratividade das LCAs, que representam parcela significativa do financiamento agrícola, o acesso ao crédito tende a diminuir, especialmente para pequenos e médios produtores. Isso pode afetar diretamente a compra de insumos, sementes, equipamentos e tecnologias essenciais para manter a produção em níveis adequados.
“Essa guerra tarifária não atinge só os produtores. Ela ameaça a segurança alimentar de todo o país. Se não houver reação coordenada, o impacto pode ser profundo, silencioso e duradouro, afetando diretamente o que está no prato de cada brasileiro”, conclui.