CI

Nobel da agricultura: cientista brasileira vence World Food Prize 2025

Uso de biológicos na soja rende prêmio a cientista



Foto: Divulgação

A pesquisadora Mariangela Hungria, da Embrapa Soja, foi anunciada como vencedora da edição 2025 do Prêmio Mundial de Alimentação (World Food Prize – WFP), reconhecimento internacional por sua contribuição ao desenvolvimento de insumos biológicos voltados à agricultura. O anúncio foi feito na noite desta terça-feira (13), na sede da Fundação World Food Prize, nos Estados Unidos. A cerimônia oficial de entrega será realizada em 23 de outubro, em Des Moines.

Com mais de quatro décadas de dedicação à microbiologia do solo, Hungria é reconhecida por liderar pesquisas voltadas à substituição parcial ou total de fertilizantes químicos por microrganismos que favorecem a fixação de nitrogênio, a produção de fitormônios e a solubilização de fosfatos e rochas potássicas. Em publicação da Embrpa a pesquisadora comemora. “Estou imensamente feliz, ainda não consigo acreditar, é uma grande honra, um reconhecimento mundial. Acredito que minha principal contribuição para mitigar a fome no mundo tenha sido minha persistência de que a produção de alimentos é essencial, mas deve ser feita com sustentabilidade. Foi uma vida dedicada à busca por altos rendimentos, mas via uso de biológicos, substituindo parcial ou totalmente os fertilizantes químicos. Com essa premiação, existe também o reconhecimento do empenho da pesquisa brasileira rumo a uma agricultura cada vez mais sustentável, favorecendo nossa imagem no exterior", explica Mariangela Hungria.

Entre os avanços coordenados por Hungria, destaca-se o uso da inoculação com bactérias fixadoras de Nitrogênio (Bradyrhizobium) na soja, potencializado pela coinoculação com Azospirillum brasiliense. Essa tecnologia, segundo a pesquisadora, proporcionou em 2024 uma economia estimada em US$ 25 bilhões, ao reduzir a necessidade de adubos nitrogenados. Além disso, evitou a emissão de mais de 230 milhões de toneladas de CO2 equivalente no mesmo período. Atualmente, a prática é adotada em aproximadamente 85% da área de soja cultivada no país, o que corresponde a cerca de 40 milhões de hectares.

Além da soja, Hungria coordena projetos que possibilitaram o uso de rizóbios e coinoculação no feijoeiro, e a aplicação de Azospirillum brasiliense em culturas como milho, trigo e pastagens com braquiárias. Em 2021, sua equipe lançou uma tecnologia que permite a redução de 25% na aplicação de fertilizante nitrogenado em milho por meio da inoculação, contribuindo com benefícios econômicos e ambientais.

Criado em 1986 por Norman Borlaug, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1970, o World Food Prize reconhece anualmente personalidades que contribuem para a melhoria da qualidade e da disponibilidade de alimentos no mundo. A premiação inclui US$ 500 mil e uma escultura assinada por Saul Bass. Mariangela Hungria é a quarta brasileira a receber o prêmio, que já foi concedido a nomes como os agrônomos Edson Lobato e Alysson Paulinelli, em 2006, e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2011.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.