África avança com políticas para etanol à base de grãos
Na Nigéria, por exemplo, o governo ampliou as permissões

À medida que busca reduzir emissões e fortalecer sua matriz energética, um número crescente de países africanos adota políticas que incentivam a mistura de etanol na gasolina, utilizando grãos como milho, arroz, trigo e soja como matéria-prima. Segundo registros oficiais e declarações governamentais, essa tendência ganha força em regiões como África Ocidental e Oriental, onde programas de descarbonização e segurança energética são acompanhados da expansão de áreas agrícolas voltadas à produção de biocombustíveis.
Na Nigéria, por exemplo, o governo ampliou as permissões para diferentes proporções de mistura de etanol na gasolina, variando de 5% a 20%. Embora o país produza apenas 6% da demanda nacional, importando entre 300 e 350 milhões de litros por ano, a iniciativa visa reduzir a dependência externa e melhorar o balanço de carbono. Já o Malawi, que implementa desde 2006 o Projeto de Veículos Movidos a Etanol, vê no biocombustível uma oportunidade para estabilizar preços e reduzir a necessidade de divisas, segundo o diretor da Comissão de Ciência e Tecnologia, Gift Kadzamira.
Paralelamente, a Comunidade da África Oriental lançou a Estratégia de Frete Verde 2030, com metas ambiciosas de eletrificação de veículos e uso de combustíveis alternativos. Uganda, por exemplo, iniciou em julho um programa com gasolina misturada a 1% de etanol, com previsão de aumentar progressivamente essa proporção. O objetivo é aproveitar matérias-primas locais como cana-de-açúcar, mandioca e sorgo para gerar energia mais limpa e acessível.
Contudo, a expansão da produção de etanol levanta preocupações sobre a segurança alimentar. Países como a África do Sul impõem restrições ao uso de grãos para biocombustíveis, mesmo com a inauguração de uma moderna destilaria de etanol de milho da AlcoNCP. Especialistas alertam para os impactos sobre a indústria de ração animal e os preços dos alimentos. O professor Kola Adebayo, da Universidade Federal de Agricultura da Nigéria, defende estratégias equilibradas que garantam o abastecimento alimentar e apoiem os agricultores frente à crescente demanda por etanol.