Hora de liderar no agro mundial
O autor conclui que o Brasil vive um momento único

Em artigo reflexivo, o professor Geraldo Eugênio, da UFRPE-UAST e membro da Academia Brasileira de Ciência Agronômica (ABCA), traça uma análise histórica e geopolítica que conecta os movimentos da política internacional às transformações do agronegócio brasileiro. Ele destaca como, em meio à perda de hegemonia dos Estados Unidos e ao crescimento da China, o Brasil encontrou espaço para se consolidar como potência agroalimentar global, especialmente após a criação da Embrapa em 1973.
Segundo o autor, o Brasil está bem posicionado para aproveitar as oportunidades deixadas por uma ordem mundial em transição. O país já exporta mais de 320 milhões de toneladas de grãos por ano e deve investir na agregação de valor aos seus produtos, além de consolidar práticas sustentáveis como o plantio direto e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Há também um destaque para o surgimento de startups inovadoras no campo e a necessidade de maior cooperação científica com países asiáticos.
Entretanto, o texto alerta para riscos importantes. A ideologização de lideranças rurais, a politização do comércio exterior e a dependência tecnológica em fertilizantes e defensivos são entraves à competitividade do setor. Além disso, critica-se a narrativa negacionista de problemas ambientais e sociais que pode comprometer a imagem internacional do agronegócio.
O autor conclui que o Brasil vive um momento único, com base sólida em ciência, jovens empreendedores no campo e credibilidade internacional crescente. Para isso se manter, será essencial separar os bons exemplos dos discursos distorcidos e fortalecer o espírito público na condução do setor.
“ Em nenhum momento da história nacional e de sua agricultura o país confrontou-se com uma situação virtuosa equivalente contando com uma extensa área em cultivo e a ser cultivada; um corpo de agricultores dedicados e cientes de sua importância; uma rede de instituições e ensino e pesquisa sólida, podendo ser ainda mais efetiva a partir de melhores definições estratégicas de sua atuação; políticas definidas e de apoio à atividade agropecuária; um percentual alto de jovens profissionais dedicando-se ao agronegócio e uma oportunidade de consolidação de sua posição no mercado internacional ímpar uma vez que para inúmeros países Brasil um dos parceiros mais confiáveis no cenário internacional”, conclui.