Laranja para suco tem baixa cotação e compra limitada
Citricultura gaúcha é impactada por clima e mercado

De acordo com o Informativo Conjuntural divulgado pela Emater/RS-Ascar na última quinta-feira (17), o retorno da insolação nas últimas semanas contribuiu para a melhoria das condições das frutíferas cítricas na região de Caxias do Sul. Apesar disso, pomares de bergamota sofreram com a queda de frutos no terço superior das plantas, em razão das sessões tão intensas que atingiram a região nos meses de junho e julho.
A entidade informou que “esta safra foi considerada ótima em termos de produção, que está acima do esperado”, mesmo diante dos eventos climáticos adversos. Os produtores estão desenvolvendo tratamentos fitossanitários com fungicidas. A colheita da bergamota Ponkan e da variedade Caí está em fase final, com preços variando entre R$ 1,50 e R$ 1,75 o quilo. Também foi iniciada a colheita das variedades Montenegrina, cotada a R$ 2,50/kg, e Murcott, a R$ 1,80/kg.
Nos pomares de laranja da mesma região, sugeriu-se redução na queda de frutos. Estão sendo aplicados tratamentos cúpricos para controle do câncer-cítrico. As variedades Bahia, Monte Parnaso e do Céu estão em colheita. A laranja de umbigo destinada ao consumo in natura é comercializada a R$ 1,80/kg, enquanto o produto para suco custa R$ 0,50/kg.
Na região de Passo Fundo, segue a colheita de variedades precoces de laranja. Os produtores realizam tratamentos preventivos contra pinta-preta e câncer-cítrico, além de práticas agronômicas como plantio de cobertura do solo, controle de moscas e adubação com cloreto de potássio. Nos pomares em formação, ocorrem possibilidades de formação. O preço da laranja para a indústria varia entre R$ 0,90 e R$ 1,10/kg. A expectativa de expansão da área plantada corresponde aos preços obtidos na última safra.
Em Erechim, segue a comercialização das laranjas Salustiana, IAPAR e Rubi, com início da colheita da variedade Valência, cotada a R$ 800,00 por tonelada. Segundo a Emater/RS-Ascar, "em virtude do anúncio de tributação de 50%, a partir de 1º de agosto, pelo governo norte-americano, as indústrias de suco de laranja planejaram paralisar a coleta de frutos até que a situação esteja normalizada ou que haja um direito com outros países para a exportação". A medida afeta diretamente o setor, já que cerca de 40% do suco de laranja brasileiro é exportado para os Estados Unidos.
Em Frederico Westphalen, a produção envolve mais de 3.500 hectares de laranjas de suco e de umbigo, distribuídos entre 1.574 famílias. A área de cultivo de bergamota soma 240 hectares, com 225 famílias envolvidas, e o limão Tahiti ocupa 26 hectares de 55 famílias. As chuvas intensas em maio e junho, seguidas por simultâneas no início de julho, provocaram a queda de frutos em pomares de variedades precoces, de ciclo médio e tardio, afetando a qualidade do suco e, em alguns casos, resultando na recusa de compra por parte das indústrias.
As variedades precoces estão em final de colheita, enquanto as de ciclo médio e tardio ainda iniciam a maturação. Os produtores seguem com aplicações de calda sulfocálcica para controle de pragas, como mosca-branca, ácaro-da-falsa-ferrugem e ácaro-da-leprose, e doenças como a clorose variegada dos citros (CVC).
Os preços de bergamotas e laranjas variam entre R$ 1,50 e R$ 2,00/kg no mercado local. Para a indústria, laranjas precoces com boa qualidade de suco são comercializadas entre R$ 800,00 e R$ 850,00/t. Já as de ciclo tardio, com qualidade inferior, são cotadas a R$ 650,00/t, mas com restrição na compra pelas indústrias.