Planejamento é chave na sucessão em negócios familiares
A escolha dos sucessores precisa ser baseada em mérito

Segundo Edilene Bocchi, administradora e CEO da Vesi Consulting, a sucessão em negócios familiares é um momento decisivo que pode determinar tanto a sobrevivência da empresa quanto a qualidade das relações entre os familiares. No Brasil, 90% das empresas são familiares, mas apenas 30% conseguem chegar à terceira geração, segundo pesquisa do Banco Mundial. Entre as que não seguem adiante, 75% encerram suas atividades logo após a sucessão.
Para garantir uma transição eficaz e harmoniosa, Edilene destaca a importância do planejamento antecipado da sucessão, que permite alinhar expectativas, preparar os sucessores e evitar conflitos. A transição deve considerar três dimensões: sucessão patrimonial, revisão da estrutura organizacional com a criação de modelos claros de governança e a identificação de sucessores com competência e alinhamento aos valores do negócio.
A escolha dos sucessores precisa ser baseada em mérito, conhecimento técnico, habilidades de liderança e vontade genuína, não apenas em laços familiares ou ordem de nascimento. O processo deve ser conduzido com imparcialidade, transparência e apoio de especialistas externos, garantindo desenvolvimento personalizado por meio de treinamentos, mentorias e experiências práticas.
Edilene reforça que os maiores obstáculos são os medos e incertezas, que podem ser superados com diálogo aberto e respeito aos valores da empresa. Para os fundadores, o desafio é transformar o papel de executor para mentor, orientando a próxima geração para preservar e ampliar o legado construído.
“Não é justo vermos tantas empresas sólidas fechando quando da ausência do fundador devido a conflitos familiares e despreparo dos herdeiros. A parte positiva é que essa terrível estatística pode ser invertida, se fundadores e herdeiros encararem esse desafio de frente antes que ele se torne um problema, e assim, honrar tudo o que foi construído com esforço e dedicação”, comenta.