Milho cresce, mas gripe aviária preocupa
“Trata-se de uma segunda safra de milho com crescimento expressivo de área"

O Rally da Safra inicia a etapa de avaliação das lavouras de milho segunda safra em meio à expectativa de colheita robusta e à preocupação com os impactos da gripe aviária no consumo interno e nas exportações. A comercialização segue lenta, com apenas 32,4% da safra negociada até maio, o que aumenta a apreensão no setor.
A Agroconsult, organizadora do Rally, estima a segunda safra em 112,9 milhões de toneladas, 10,5% acima da anterior. A área plantada alcança 17,9 milhões de hectares, crescimento de 6,1%, enquanto a produtividade média é estimada em 105 sacas por hectare, alta de 4,1%. Se confirmado, o Brasil deve produzir 140 milhões de toneladas de milho, a segunda maior safra da história, pouco abaixo do recorde de 141,8 milhões em 22/23.
O coordenador do Rally, André Debastiani, explica que o plantio atrasado, principalmente em Mato Grosso e Goiás, gerou dúvidas sobre o potencial das lavouras. Porém, chuvas bem distribuídas em abril e maio garantiram boas condições. No Mato Grosso, 72% da produção tem alto potencial, e em Goiás, 62%. Apesar de problemas pontuais, como no Oeste do Paraná, não há estados em situação crítica.
“Trata-se de uma segunda safra de milho com crescimento expressivo de área, mas que carregava uma dúvida grande sobre seu potencial produtivo em razão das lavouras terem sido implementadas em calendário de maior risco. O alongamento do ciclo da soja levou ao plantio mais tardio do milho - já no mês de março - especialmente no Mato Grosso e um pouco em Goiás. Mas o receio dos produtores acabou se dissipando com as boas chuvas de abril e que se estenderam até o início de maio, período mais importante para a definição do potencial produtivo das lavouras”, explica.
O avanço da gripe aviária, contudo, traz riscos. A demanda interna é estimada em 96,7 milhões de toneladas, impulsionada por etanol e proteína animal. As exportações devem somar 42,8 milhões. Segundo Debastiani, o excesso de oferta, combinado com os impactos sanitários, pode pressionar os preços em um cenário de comercialização ainda travado, exigindo revisão nas estratégias dos produtores.