Estudo avalia custos de propriedade leiteira
Quase 47% do volume total de leite no país vem de pequenas fazendas
Um estudo realizado na Universidade do Vale do Taquari (Univates), em Lajeado (RS) avaliou os custos de produção em uma propriedade leiteira. A análise fez parte da monografia do curso de Ciências Contábeis, de Andrei Markus.
A pesquisa teve como objetivo auxiliar os proprietários no processo de gestão, fornecendo informações sobre os custos da produção. De acordo com dados da Embrapa, a produção leiteira está entre os produtos mais importantes do ramo, e quase 47% do volume total produzido no país vem de pequenas fazendas. Conforme especialistas, o grande desafio do produtor de leite é ter eficiência econômica em sua propriedade, uma vez que o valor pago à produção leiteira oscila de acordo com os preços praticados no mercado, além disso, a empresa rural depende de sua capacidade de geração de lucro para manter-se viável.
A propriedade avaliada fica em Westfália, no Centro do Estado. Tem 10 hectares e fica próximo a zona urbana, o que facilita o transporte do leite. A maior parte da propriedade é dedicada à lavoura de milho e às pastagens, e toda a mão de obra é realizada pelos proprietários, um casal que está no ramo há mais de duas décadas.
Ao realizar a coleta dos dados, o rebanho da localidade era composto por 11 vacas, sendo duas secas e nove em lactação, e duas novilhas, e a alimentação era composta de pastagem, silagem e ração.
No estudo, o discente realizou uma análise de documentos e anotações das operações de compra de insumos e contratação de serviços necessários na atividade da propriedade. Com essas informações, Andrei explica que foi possível mensurar os custos fixos e variáveis para calcular a margem de segurança e o ponto de equilíbrio da produção leiteira na propriedade. “A margem de segurança compara esse valor necessário com o nível de produção alcançado para determinar a segurança da produção. Durante o período analisado, o mês que obteve o pior resultado ficou muito abaixo do ponto de equilíbrio. Isso se deve aos altos custos variáveis com rações e veterinários, além do baixo valor pago pelo leite no mês. Esses fatores, somados, tornaram a menor margem de contribuição do leite daquele mês para o período analisado”, conta.
Por outro lado, o mês que obteve os melhores resultados em sua análise continuou apresentando altos custos na operação e produção, porém a alta produção de leite e o alto valor recebido por litro de leite permitiram que a margem de segurança chegasse em um valor adequado. “Mesmo com os meses de alta, devido aos com prejuízo, a margem de segurança do período ficou em apenas 3,85%”, destaca.
Com base nas suas análises, Andrei pode concluir que a atividade leiteira na propriedade analisada gera lucro, porém a baixa margem de segurança e a alta variação nos custos e receitas são um risco da atividade. “Para melhorar o controle dos custos recomendei a eles um maior registro do consumo de silagem e ração por animal por dia e da produção de leite por animal. Com essas informações adicionais os proprietários poderiam elaborar estratégias para diminuir os custos e aumentar a produção”, finaliza o estudante.
Para a orientadora, o estudo realizado pelo Andrei é uma conexão entre a teoria das aulas com a prática vivenciada no dia a dia. “A realização da pesquisa destaca a importância dos registros para a tomada de decisão, neste caso, com objetivo de gerar informação sobre os custos da produção, para auxiliar os proprietários no processo de gestão”, destaca Adriana Wachholz.