China assume liderança em inovação agroquímica
Entre 2020 e 2024, o país aprovou 85 novos pesticidas baseados em 59 ingredientes ati

A indústria chinesa de proteção de cultivos passa por uma transformação estrutural, segundo análise de Fabio Sgarbi, Founder & CEO da StrategicAg Consulting. Por décadas, o setor foi marcado pelo modelo pós-patente, focado em volume, baixo custo e agilidade no registro, mas sinais recentes apontam para uma mudança de mentalidade em direção à inovação, diferenciação e liderança tecnológica. Esse movimento pode reposicionar a China como protagonista global em agroquímicos, com reflexos diretos na competitividade do agronegócio mundial.
Entre 2020 e 2024, o país aprovou 85 novos pesticidas baseados em 59 ingredientes ativos, dos quais 67% são biopesticidas — um dado que mostra não apenas diversificação, mas também alinhamento com a agenda de sustentabilidade. No mesmo período, de 63 novos ingredientes ativos reconhecidos pela ISO em inglês, 29 tiveram origem chinesa, sinalizando reconhecimento internacional da inovação do país.
Outro destaque é o incentivo à nanotecnologia, promovido pelo 14º Plano Quinquenal e regulamentado em 2024. Ensaios iniciais indicam que pesticidas nanoformulados, aplicados com drones, podem reduzir o uso em mais de 30%, combinando eficiência agronômica e menor impacto ambiental. Além disso, avanços em biossíntese, biopesticidas de RNA e aplicações microbianas começam a deixar os laboratórios para serem testados em escala comercial.
“A indústria de proteção de cultivos da China pode estar se perguntando agora: Por que continuar apenas com esforços em produtos pós-patente com margens baixas, se agora também podemos inovar e capturar mais valor no mercado? Certamente, nos próximos cinco anos, poderemos ver essa transição no mercado de defensivos na China, de “Me too” → “Me better” → “Me first” — e isso poderá redefinir as regras do jogo no agronegócio global”, conclui.