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Enzima alia economia e sustentabilidade para substituir suplemento mineral em aves

A fitase atua como uma chave para abrir o “cofre”



Foto: Pixabay

Eduardo Trevisol*

As rações utilizadas na avicultura contêm fitato (ácido fítico), um composto antinutricional que age como um cofre de microminerais – zinco, ferro, manganês e cobre, além de outros nutrientes. Difícil de abrir, ele impede que os animais absorvam estes componentes da dieta, fundamentais para garantir o crescimento e a saúde das aves. Isso faz com que, usualmente, os criadores invistam em suplementação. No entanto, o uso da enzima fitase pode eliminar essa necessidade, gerando economia, animais mais saudáveis e redução de impactos ambientais na atividade avícola. 

A fitase atua como uma chave para abrir o “cofre”, hidrolisando o fitato de forma mais rápida e completa e liberando os nutrientes essenciais, normalmente “presos”. Para que isso aconteça de forma efetiva, é essencial que a enzima tenha um bom desempenho em ambientes ácidos, como o estômago e a moela das aves. Isso garante que o processo de liberação comece logo no início da digestão, fazendo com que os nutrientes sejam aproveitados mais rapidamente.

Se antes o foco era apenas no menor preço, agora é preciso olhar o valor agregado e o retorno sobre o investimento (ROI). Atuando desde o princípio da digestão, o aumento da liberação dos nutrientes, dentre eles os microminerais, compensa o investimento através da economia gerada na formulação das dietas.

Os microminerais representam menos de 1% do custo da dieta, porém a redução destes na formulação da ração pode gerar uma economia de até US$ 1 por tonelada. A diferença pode parecer irrisória à primeira vista, mas quando extrapolamos os ganhos ao volume de produção de proteína animal existente, percebemos que podem trazer uma economia interessante ao setor. Para um negócio com volume de alimento acabado mensal de 20 mil toneladas, a economia em um ano, graças ao uso da fitase, superaria os $ 240 mil dólares.

A vantagem da fitase já foi cientificamente comprovada: quando combinada à redução da suplementação de microminerais na dieta, ela não afeta o desempenho das aves. Uma pesquisa publicada por Dersjant-Li et al., 2025, na renomada revista Poultry Science, concluiu que a adoção de uma fitase de última geração melhorou a biodisponibilidade de zinco, ferro, cobre e manganês, e substituiu o efeito benéfico da suplementação no desempenho durante todas as fases de criação (do nascimento até os 35 dias de idade). Criada justamente para atender às necessidades dos produtores de proteínas, esta fitase tem a capacidade de alterar a forma de enxergarmos o mercado de enzimas.

Outra conclusão da pesquisa foi que a enzima poderia suportar uma redução nos níveis comerciais de microminerais adicionados às dietas durante todas as fases da vida do animal, sem perda de desempenho ou mineralização óssea. Logo, contribuiria também para o meio ambiente, pois quando o animal consome ingredientes que não absorve, eles são excretados, tornando-se assim potenciais poluentes do meio ambiente.

A alta competitividade do mercado faz com que a longevidade dos negócios esteja, cada vez mais, atrelada à busca por soluções eficientes e sustentáveis. Por isso, a valorização dos microminerais à fitase, em detrimento da suplementação, caminha para ser um padrão na avicultura, pelos seus diversos atributos positivos. E deve também favorecer a suinocultura, uma vez que já existem evidências de impactos similares nessa outra frente do mercado de proteína.

*Eduardo Trevisol, médico-veterinário com mestrado em nutrição animal pela Universidade Federal do Paraná, é gerente de serviços técnicos da IFF na América Latina.

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