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Alta da soja pode ser momentânea no mercado

Indústrias alertam para falta de óleo



Foto: Pixabay

No Brasil, os preços da soja registraram alta na última semana. De acordo com a análise divulgada pela Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema) referente ao período entre os dias 8 e 14 de agosto, o movimento durante a semana foi puxado, sobretudo, pela valorização dos prêmios, em um cenário de câmbio que chegou a cair abaixo de R$ 5,40 por dólar em alguns momentos.

“No Rio Grande do Sul, a média voltou ao patamar de R$ 124,00 por saca, enquanto as principais praças locais se estabeleceram nesse nível no interior”, informou a Ceema. No restante do país, os preços médios oscilaram entre R$ 117,00 e R$ 127,00 por saca, embora algumas regiões tenham ficado sem cotação.

Nos portos nacionais, os prêmios alcançaram os maiores níveis desde 2018, impulsionados pela forte demanda da China. Apesar de declarações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre um possível aumento das compras chinesas, “os chineses ainda pouco compraram soja dos EUA, dando preferência ao Brasil e à Argentina”, apontou a análise.

De acordo com a Ceema, a China adquiriu cerca de 28 navios de soja da safra brasileira, com prêmios 30 centavos de dólar mais altos nas principais posições. Na semana anterior, haviam sido 26 navios, com aumento de 15 centavos.

Analistas da Agrinvest Commodities afirmaram que “a situação atual é insustentável assim como está”, destacando que as margens de esmagamento estão em queda tanto na China quanto no Brasil. A Granel Corretora acrescentou que “os preços do farelo de soja testam mínimas de diversos anos e os valores do grão estão elevados, o que deve reduzir o ritmo de esmagamento no país”. Se a China mantiver o foco apenas no Brasil, “a tendência é de os prêmios dispararem e a soja estadunidense não sair do lugar. Com margem muito negativa para a indústria, a tendência é faltar óleo, faltar biodiesel e por aí vai”.

A expectativa de analistas é que a solução passe por uma retomada das compras chinesas nos Estados Unidos, o que poderia reduzir os prêmios brasileiros e melhorar a rentabilidade das indústrias locais. Caso contrário, os preços ao produtor podem recuar se o câmbio e a Bolsa de Chicago não compensarem.

A Ceema ressaltou que a colheita da nova safra de soja nos EUA deve começar em outubro, aumentando a oferta e pressionando as cotações em Chicago. Quanto às declarações de Trump de que “a China poderá quadruplicar suas compras de soja dos EUA”, a instituição ponderou que, durante a guerra comercial em seu primeiro mandato, “a China não cumpriu o acordado na fase um, quando o assunto era o volume de produtos agrícolas que teria que comprar”.

Segundo a análise, a reação imediata do mercado após as falas de Trump mostra a ansiedade dos agentes em relação a uma possível alta em Chicago. “A questão é: será que continua ou é apenas momentâneo?”, destacou a Ceema.

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