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Safra recorde dos EUA ameaça milho brasileiro

Esse cenário pode se repetir em 2025



Esse cenário pode se repetir em 2025 Esse cenário pode se repetir em 2025 - Foto: Nadia Borges

Os Estados Unidos se preparam para colher uma safra recorde de milho em 2025, estimada em 425 milhões de toneladas, um aumento expressivo de 47 milhões em relação ao ciclo anterior, o equivalente a praticamente toda a produção anual da Argentina. Esse volume deve resultar em um excedente exportável sem precedentes, alterando a dinâmica global de oferta e demanda do cereal.

Segundo análise de Marcos Rubin, CEO e fundador da Veeries, as vendas antecipadas da safra 2025/26 dos EUA já somam quase 17 milhões de toneladas, um patamar 70% superior à média dos últimos dois anos. O contexto da guerra comercial entre Washington e Pequim reforça esse movimento: a China deve reduzir as compras de soja norte-americana, liberando espaço na logística de exportação, que tende a ser preenchido pelo milho. Em 2018, quando a soja perdeu participação nas vendas externas, os EUA exportaram 40% do milho entre setembro e dezembro, contra uma média histórica de 25%.

Para o Brasil, o desafio é evidente. Os prêmios de milho estão nos maiores níveis desde 2018, refletindo boa demanda e volume expressivo para embarque. Porém, a concorrência deve se intensificar no último trimestre, caso os EUA inundem o mercado internacional com milho mais barato. Ainda assim, a dinâmica do cereal brasileiro se transformou: a indústria de etanol ampliou relevância, a capacidade de armazenagem cresceu e o mercado interno absorve mais. Esses fatores dão maior flexibilidade ao produtor, mas não eliminam os riscos de pressão externa.

Na avaliação de Mateus Cabral Brizueña, analista de risco,  os temores sobre perda de competitividade do milho brasileiro frente ao americano são exagerados. Ele destaca que, embora gráficos indiquem maior atratividade do milho norte-americano no PNW em relação ao CFR Ásia, isso não deve significar redução das exportações do Brasil. Pelo contrário, a expectativa é superar 2024 e alcançar cerca de 45 milhões de toneladas neste ano, segundo a ANEC. O ponto crítico, segundo ele, está no ritmo dos embarques: o Brasil já acumula atraso de 2 milhões de toneladas frente ao mesmo período do ano passado, o que pode gerar dois cenários, concentração dos volumes entre setembro e dezembro, pressionando os fretes, ou parte dos embarques sendo empurrada para janeiro de 2026.

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