Sistema Plantio Direto: pilar da sustentabilidade
O impacto do SPD vai além da produtividade

Nos últimos 50 anos, o agronegócio brasileiro avançou de forma inédita, apoiado por clima favorável, solo disponível, inovação tecnológica e pelo espírito empreendedor de seus produtores. Entre tantas conquistas, o Sistema Plantio Direto na Palha (SPD) se destaca como um divisor de águas, ao viabilizar uma agricultura produtiva e conservacionista, adequada aos solos e condições tropicais do Brasil.
Segundo artigo dos agrônomos Décio Luiz Gazzoni e Pedro Luiz de Freitas, pesquisadores da Embrapa e membros da Academia Brasileira de Ciência Agronômica (ABCA), publicado como opinião pessoal, o SPD é mais do que uma técnica agrícola: é a base da intensificação sustentável no campo. Ao evitar o revolvimento do solo, manter cobertura permanente e praticar a rotação de culturas, o sistema protege a fertilidade do solo, evita a erosão e contribui para o aumento dos estoques de carbono. Hoje, o Brasil possui a segunda maior área de plantio direto no mundo, com cerca de 33,8 milhões de hectares — embora menos de 10% adotem plenamente os três princípios técnicos do sistema.
O impacto do SPD vai além da produtividade. Estudos, como o liderado pelo professor Moraes Sá, mostram que a prática permite recuperar e até aumentar os estoques de carbono em relação à vegetação nativa. Isso transforma a agricultura em parte da solução climática, com capacidade de reduzir emissões de gases de efeito estufa. Outro exemplo promissor é o sistema iLPF (integração lavoura-pecuária-floresta), que segundo pesquisa da Embrapa Meio Ambiente, acumula anualmente até 5 toneladas de carbono por hectare no solo.
Para os autores, o fortalecimento do SPD exige políticas públicas, comunicação eficaz e, sobretudo, investimentos contínuos em ciência e tecnologia. Só assim será possível aliar produtividade, segurança alimentar e preservação ambiental diante das mudanças climáticas e da pressão global por desmatamento zero.