
As recentes movimentações econômicas dos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump, no contexto das políticas protecionistas e da reconfiguração de acordos comerciais, estão gerando desafios e oportunidades para o setor de agtechs brasileiras. Um estudo da venture builder WBGI revela como o ambiente de "Trumponomics" tem impactado diretamente o ecossistema de inovação agropecuária no Brasil, gerando uma retração de capital e maior aversão ao risco.
A fuga de investidores para ativos mais seguros, como ouro e moedas fortes, tem reduzido o fluxo de investimentos para mercados emergentes, como o Brasil. Esse cenário de incerteza, aliado ao aumento da taxa Selic e ao encarecimento do crédito, afeta especialmente as startups do setor, dificultando sua expansão e pressionando suas avaliações.
Mesmo com tarifas relativamente baixas para o Brasil, como a de 10% sobre as exportações, o impacto nas exportações agropecuárias pode ser significativo, com quedas de até 85% nas vendas de carne para os EUA, além de perdas significativas em cadeias como cana-de-açúcar e citros. Esse gargalo comercial afeta diretamente as agtechs, especialmente aquelas que buscavam expandir para o mercado americano. Essas startups precisam repensar suas estratégias, mirando em mercados com menores barreiras comerciais.
“A redução do incentivo institucional e do investimento em iniciativas sustentáveis em escala global pode frear a expansão ou a internacionalização dessas startups, minando parte das teses de impacto que sustentam seus modelos de negócio. Mais do que nunca, será fundamental que agtechs voltadas à agenda ESG apresentem soluções genuinamente inovadoras, que resolvam dores reais do mercado e sejam capazes de atender tanto às necessidades dos produtores quanto às exigências de compradores e reguladores nos mercados de carbono e sustentabilidade”, aponta o estudo.