Murcha da cana: Riscos e prevenção

Segundo Ryquesio Melo, Supervisor de Qualidade Agrícola na Atvos, a murcha da cana-de-açúcar é uma doença vascular preocupante, causada principalmente pelo fungo Fusarium verticillioides (anteriormente conhecido como Fusarium moniliforme). Esse fungo vive no solo e em sementes, podendo atuar como saprófita ou endófito, condição em que habita o interior da planta sem sintomas aparentes, mas torna-se patogênico em condições favoráveis.

Os sintomas típicos incluem murcha das folhas superiores, que adquirem coloração amarelada, colmos ocos com tecidos necrosados ou descoloridos, além de apodrecimento interno que forma estrias ou manchas longitudinais. Em infecções severas, a planta pode morrer totalmente. O fungo sobrevive em restos culturais ou dentro dos tecidos da planta, espalhando seus esporos por água, vento e práticas agrícolas. Ele penetra principalmente pelas raízes ou ferimentos, colonizando os vasos do xilema, o que bloqueia o transporte de água.

Fatores como temperaturas elevadas, solos mal drenados, excesso de umidade e plantas estressadas por insetos ou máquinas favorecem o avanço da doença. Além disso, a presença de Colletotrichum falcatum — agente da podridão vermelha — pode agravar o problema ao facilitar infecções secundárias por Fusarium, já que o dano mecânico e fisiológico enfraquece a planta e abre portas para patógenos vasculares.

De acordo com Melo, detectar os primeiros sinais da murcha é essencial para antecipar a colheita e reduzir perdas. O monitoramento do time técnico em campo é crucial para identificar ranhuras e pontos vermelhos dentro dos colmos, garantindo uma ação rápida e eficaz contra doenças e pragas que impactam diretamente na produtividade da cana.