Mercado de biológicos no Brasil: Crescimento acelerado, desafios regulatório e oportunidades globais
O Brasil lidera o ranking global de adoção e difusão de biológicos nos últimos cinco

O Brasil se consolida, ano após ano, como protagonista mundial no mercado de insumos biológicos. Em meio a este cenário de expansão, inovação e atenção crescente de investidores globais, surgem também desafios regulatórios e estratégicos que moldam o futuro desse setor. Para traçar o atual panorama e as perspectivas do segmento, ouvimos Mark Trimmer, presidente e sócio-fundador da DunhamTrimmer – International Bio Intelligence. A consultoria é especializada em inteligência de mercado com foco em biocontrole, bioestimulantes, biofertilizantes e nutrição de culturas.
Um novo marco regulatório: Avanços e desafios
A promulgação da Lei nº 15.070, que dispõe sobre bioinsumos agrícolas no Brasil, marcou uma guinada no setor. Segundo Trimmer, a regulamentação foi recebida de forma positiva pela indústria, criando um ambiente mais estável e favorável a investimentos e inovação. Contudo, pontos sensíveis permanecem, especialmente no que diz respeito à produção on-farm — dentro das fazendas.
“O principal desafio é garantir que os produtos fabricados na própria propriedade pelos agricultores atendam a critérios de qualidade e segurança exigidos pela legislação, sem tolher o espírito inovador que caracteriza esse setor”, avalia Trimmer. “A supervisão efetiva das autoridades sobre essas operações é fundamental, assim como o estímulo contínuo à pesquisa e ao desenvolvimento.”
Crescimento robusto e o espectro da “bolha”
O Brasil lidera o ranking global de adoção e difusão de biológicos nos últimos cinco anos, na avaliação de Trimmer. Esse dinamismo atrai empresas e startups do mundo todo, criando um ecossistema fértil de novas tecnologias.
“Apesar das discussões sobre uma possível ‘bolha’, nossa análise mostra que o crescimento brasileiro segue acima da média mundial. A dimensão do mercado e a aplicação bem-sucedida de biológicos em lavouras de grãos — como soja, milho e algodão — sustentam esse ritmo. Ainda existe espaço para expansão antes que haja qualquer sinal claro de desaceleração”, argumenta.
Política internacional e volatilidade: Ameaças e oportunidades
Para investidores e empresas, as oscilações do cenário político-econômico internacional são acompanhadas de perto. Trimmer alerta que disputas comerciais globais podem, paradoxalmente, criar tanto riscos quanto oportunidades à América Latina.
“A política externa dos EUA, por exemplo, pode abrir novos espaços para exportadores latino-americanos, enquanto eleições presidenciais no Brasil — como a de 2026 — podem redefinir marcos regulatórios e políticas de incentivo”, enfatiza. “Isso exige preparo, resiliência e capacidade de adaptação das empresas.”
Brasil: Destino privilegiado de investimentos globais
O apelo do mercado de biológicos brasileiro transborda fronteiras. Nas palavras de Trimmer, o número de fusões, aquisições e parcerias entre empresas locais e multinacionais só tende a crescer.
“No segmento de bioestimulantes e biofertilizantes, o esforço brasileiro para reduzir sua dependência de insumos importados cria oportunidades inéditas. Investidores atentos a essas tendências encontrarão, aqui, um terreno fértil para retorno e inovação”, projeta.
Biocontrol & Biostimulants LATAM
Mark Trimmer será um dos palestrantes do evento Biocontrol & Biostimulants LATAM, onde ministrará a conferência “Latin America Biological Market Overview” no dia 29 de julho, às 11h. Em sua exposição, o executivo detalhará o perfil e as projeções do mercado latino-americano, além de analisar o impacto de políticas públicas e regulamentações sobre a cadeia de biológicos.
Ele adianta que questões como adaptação dos produtos às condições específicas do continente — solos, sistemas de cultivo e necessidades dos produtores — também estarão em pauta. “É fundamental compreender as particularidades locais. Um produto bem-sucedido na Europa ou nos Estados Unidos pode não atingir bons resultados aqui. O segredo está na customização e no entendimento profundo das demandas do agricultor latino-americano”, conclui o especialista.