Segunda safra de milho enfrenta desafios logísticos
A produção nacional deve superar 130 milhões de toneladas em 2025

A colheita da segunda safra de milho no Brasil atingiu 94,8% da área plantada, desempenho acima da média histórica recente, mas ainda atrasado em relação ao ciclo anterior. O atraso compromete o período mais competitivo para exportação, entre julho e setembro, fazendo com que parte do milho chegue ao mercado quando os Estados Unidos já ofertam grandes volumes, reduzindo espaço para o Brasil e pressionando preços.
A produção nacional deve superar 130 milhões de toneladas em 2025, com risco de sobreoferta. No mercado interno, o consumo é robusto, puxado pela indústria de ração animal e pelo etanol de milho, que absorve cerca de 21 milhões de toneladas. Mesmo assim, a pressão sobre os preços deve se manter ao longo do ano, aliviando apenas em períodos de menor disponibilidade, como dezembro e janeiro.
“O milho brasileiro tem uma janela mais competitiva de julho a setembro. Se a colheita e o programa de exportação atrasam, parte desse milho só chega ao mercado quando os Estados Unidos já estão ofertando grandes volumes, reduzindo espaço para o Brasil nas vendas externas e pressionando os preços”, analisa Yedda Monteiro, analista de inteligência e estratégia da Biond Agro.
Os principais destinos continuam sendo China, União Europeia, Japão, Coreia do Sul, Irã, Vietnã e Egito, mas a concorrência internacional está mais acirrada. Conflitos geopolíticos e disputas tarifárias exigem do Brasil a busca por novos mercados e a consolidação de parcerias já existentes.
Fatores como câmbio, clima e gargalos logísticos serão determinantes para a competitividade. O real valorizado reduz a vantagem frente a EUA e Argentina, enquanto safras cheias nesses países ampliam a oferta global. A capacidade de armazenagem interna é limitada, e o escoamento depende majoritariamente da malha rodoviária, elevando custos. Estratégias de gestão de risco, como fracionar vendas e travar custos, são essenciais para proteger o produtor e garantir fluidez nos embarques.