Custos agrícolas caem apesar de conflitos
Um destaque é a retomada parcial da oferta de fertilizantes russos

A queda recente nos custos de produção agrícola no Brasil, que chegaram a recuar até 8% em junho, surpreende diante de um cenário internacional ainda marcado por guerras no Leste Europeu e no Oriente Médio. Segundo o Cepea/USP, essa redução reflete uma combinação de fatores que vão desde a valorização do real frente ao dólar até a eficiência logística e a diversificação de fornecedores. Mesmo com riscos persistentes, como possíveis embargos ou sanções, a produção de soja e milho já sente o impacto positivo no bolso do produtor.
De acordo com Ricardo Leite, superintendente executivo do Grupo Safra, o atual contexto revela como a governança estruturada se torna um diferencial competitivo em momentos de instabilidade. Ele destaca que a retomada parcial da oferta de fertilizantes russos, responsáveis por cerca de 25% das importações brasileiras, e a operação da nova planta da EuroChem em Minas Gerais reforçam a segurança do abastecimento. Além disso, a queda global nos preços de fertilizantes potássicos e fosfatados tem colaborado para conter os custos, mesmo com a recente alta da ureia importada do Irã e dos Emirados.
Para Leite, o produtor que investe em gestão de riscos, planejamento financeiro e uso de instrumentos como hedge e barter tem condições de tomar decisões mais assertivas, negociando travas de preço em momentos favoráveis do mercado. Em um cenário de incertezas, guerras prolongadas e juros ainda elevados, a disciplina na execução do plano de safra é tão essencial quanto a adubação do solo.
“Em um cenário de guerra, clima imprevisível e taxa de juros ainda elevada, a informação estratégica e a disciplina na execução do plano de safra são tão importantes quanto o adubo na lavoura Fica o alerta: o custo caiu, mas a incerteza permanece. Quem decide com base em dados e estrutura, planta com vantagem competitiva”, conclui.