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Cotação do arroz recua e expõe impasse no mercado interno

Dados apontam para um cenário de equilíbrio frágil entre oferta e demanda



Foto: coniferconifer

A pressão baixista sobre o arroz em casca segue sendo a tônica do mercado brasileiro, com retrações graduais observadas nos preços médios. De acordo com levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), essa desvalorização está ancorada em múltiplos fatores — entre eles, a menor liquidez interna, as baixas do mercado internacional e a valorização do real frente ao dólar, que reduz a paridade de importação.

Os dados apontam para um cenário de equilíbrio frágil entre oferta e demanda, onde compradores e vendedores adotam posturas estratégicas distintas, dificultando a formação de preços mais estáveis. A cadeia produtiva, pressionada, reage de formas variadas conforme a região e a estrutura operacional.

Indústrias beneficiadoras, por exemplo, têm adotado uma abordagem conservadora. Parte delas opta por reduzir de forma moderada os valores de compra, priorizando a rotação de estoques internos já armazenados. O foco, nesse caso, é mitigar riscos diante de um ambiente de consumo morno e margens mais apertadas.

Do lado da produção, o comportamento também se fragmenta. Segundo o Cepea, há produtores que seguem com uma postura cautelosa, aguardando momentos mais propícios para comercializar seus lotes. Em contrapartida, outros agentes optaram por liberar volumes ao mercado, com o objetivo de gerar caixa e se posicionar melhor para a próxima temporada — a safra 2025/26 já entra no radar, e exige planejamento financeiro desde já.

Essa conjuntura revela, na prática, uma queda de braço silenciosa entre elos distintos da cadeia. Enquanto a indústria sinaliza contenção, o produtor, em alguns casos, é forçado a abrir mão de parte da rentabilidade. E, nesse cabo de guerra, a precificação do arroz em casca segue vulnerável a movimentos externos e internos que fogem do controle imediato dos agentes.

O momento exige atenção redobrada e leitura precisa de mercado. O comportamento da taxa de câmbio, a retomada ou não da demanda interna e possíveis mudanças na política de comércio exterior serão determinantes nos próximos meses. Até lá, a expectativa é de continuidade da volatilidade, com preços ainda sujeitos à pressão — e à estratégia de cada elo dessa cadeia essencial para a segurança alimentar do País.

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