Suco de laranja fora da tarifa é um alívio
A instabilidade nas tarifas prejudica especialmente pequenas e médias empresas

A exclusão do suco de laranja brasileiro da nova tarifa de 50% anunciada pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, trouxe alívio imediato para uma das cadeias mais estratégicas do agro nacional. Segundo Leandro Avelar, CEO da JPA Agro, a medida evitou um colapso que afetaria não só a indústria, mas milhares de produtores no campo. O suco de laranja representa mais de 42% das exportações brasileiras para os EUA, e sua inclusão na tarifa teria impacto direto em bilhões de reais movimentados anualmente.
Entre os cerca de 700 produtos isentos da tarifa, além do suco, estão fertilizantes, madeira tropical e sisal. Já itens como carne bovina, frutas frescas, manga e café seguem sendo penalizados. Avelar destaca que a presença de grandes indústrias brasileiras com operação nos EUA, como Cutrale e Citrosuco, facilitou o diálogo com o governo americano, mas alerta: isso não garante estabilidade a longo prazo.
A instabilidade nas tarifas prejudica especialmente pequenas e médias empresas exportadoras, que operam com margens apertadas. Avelar defende que o Brasil separe diplomacia comercial de disputas políticas, mantendo negociações estratégicas com os EUA — segundo maior parceiro comercial do país. Ele também aponta entraves internos como carga tributária alta, legislação trabalhista ineficiente e infraestrutura precária, que limitam a competitividade nacional.
O cenário ainda é de atenção. A exclusão do suco foi uma vitória, mas produtos como o café — responsável por 17% das exportações brasileiras aos EUA — seguem tarifados. O momento, segundo Avelar, exige articulação inteligente para garantir previsibilidade, segurança jurídica e crescimento sustentável ao agro brasileiro.
“É o momento de deixar o confronto de lado e negociar com inteligência. Precisamos defender nossos interesses, sim, mas com estratégia, protegendo o comércio como um ativo nacional, afinal, o agro brasileiro é importante para o mundo. Mas para consolidar esse papel, precisamos de segurança jurídica, previsibilidade comercial e políticas que incentivem a produtividade. Só assim o Brasil será visto como parceiro confiável”, conclui Leandro.