Preços do milho devem subir 

As tarifas comerciais impostas por Trump tiveram grande impacto no câmbio global, fortalecendo moedas como o real e o euro frente ao dólar, o que inicialmente prejudicou a competitividade do milho brasileiro. Segundo análise da TF Agroeconômica, esse movimento ajudou as exportações americanas e atrasou as brasileiras, mas os embarques do Brasil já mostram sinais de recuperação em agosto. A tendência é que os preços voltem a subir no segundo semestre, conforme os estoques forem consumidos pelas indústrias e exportadores, embora os custos de carregamento e de produção da safrinha, estimados em R$ 72,31/saca pelo Deral-PR, exijam atenção.

Entre os fatores de alta para o cereal, destacam-se as boas vendas semanais da nova safra dos EUA, que somaram 2,04 milhões de toneladas, dentro das expectativas do mercado. O México foi o principal comprador. Outro ponto positivo foi o relatório da EIA, que mostrou crescimento na produção de etanol americano e redução nos estoques, reforçando a demanda por milho. O USDA também elevou sua projeção de consumo do grão pela indústria de etanol para 142,25 milhões de toneladas, cerca de 33,45% da safra.

No entanto, fatores de baixa continuam pesando sobre o mercado. O USDA surpreendeu ao projetar safra recorde de milho nos EUA em 425,26 milhões de toneladas, superando expectativas e indicando maiores estoques finais, os mais altos desde 2018/2019. Além disso, a Conab revisou para cima sua projeção da safra brasileira 2024/25, agora estimada em 137,01 milhões de toneladas, com exportações projetadas em 40 milhões de toneladas.

As exportações brasileiras já aceleram: em agosto, a ANEC elevou sua estimativa para 7,97 milhões de toneladas embarcadas, quase o dobro de julho. Ainda assim, a falta de competitividade externa mantém estoques internos elevados, o que pressiona os preços domésticos, já que indústrias de carnes e de etanol seguem abastecidas sem necessidade de pagar mais pela matéria-prima.