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Manejo inadequado acelera perda de eficiência dos herbicidas

Perda de eficácia dos herbicidas vem se tornando uma realidade silenciosa


Foto: Divulgação

A perda de eficácia dos herbicidas vem se tornando uma realidade silenciosa nas lavouras brasileiras. Plantas que “escapam” do controle, reaparecem semanas após a aplicação ou se tornam cada vez mais difíceis de manejar são os primeiros sinais de alerta — e exigem atenção imediata do produtor.

A eficiência dos herbicidas, um dos pilares do manejo de plantas daninhas na agricultura moderna, vem sendo comprometida por diferentes fatores agronômicos, ambientais e até comportamentais. Segundo pesquisadores da Embrapa, reconhecer cedo os sinais de perda de eficácia é crucial para evitar prejuízos maiores e adaptar o manejo a tempo.

Entre os principais indicativos observados no campo está o "escape" de plantas daninhas, ou seja, a presença de indivíduos vivos mesmo após a aplicação do herbicida. Quando a maioria da população morre, mas alguns exemplares continuam crescendo, é possível que haja resistência em desenvolvimento — especialmente se esses escapes forem sempre da mesma espécie e repetidos ao longo de safras.

Outro sintoma frequente é o rebrote das plantas controladas, observado semanas depois da aplicação. Isso indica que a dose, o momento ou o modo de ação do herbicida não foram suficientes para eliminar completamente o sistema radicular, ou que a planta tem mecanismos de tolerância que lhe permitem sobreviver.

A necessidade de reaplicações em curto espaço de tempo também é um sinal de que a eficácia original do produto foi comprometida. Em muitos casos, os produtores também relatam que os herbicidas “parecem não fazer mais efeito como antes”, mesmo utilizando a mesma dose e nas mesmas condições climáticas. De acordo com a Embrapa, essa percepção não deve ser ignorada: é reflexo de uma mudança silenciosa no comportamento das plantas daninhas, que pode ter origem genética (resistência) ou ambiental (condições que reduzem absorção e translocação).

Além disso, a presença dominante de poucas espécies daninhas ao longo do tempo pode indicar que essas plantas estão se sobressaindo às demais por tolerância aos herbicidas utilizados. O capim-amargoso, a buva e o caruru, por exemplo, são casos clássicos de espécies que desenvolveram resistência no Brasil e hoje exigem estratégias de manejo muito mais complexas.

Outros sinais incluem:

- Plantas com crescimento normal, mesmo após aplicação recente;

- Cobertura incompleta do alvo (visualmente perceptível em manchas ou faixas de plantas daninhas não controladas);

- Redução de produtividade da cultura, devido à competição com daninhas não eliminadas.

Ao identificar qualquer um desses sinais, o produtor deve agir de forma preventiva: coletar amostras das plantas, buscar apoio técnico, verificar as condições de aplicação (clima, equipamentos, volume de calda) e, se necessário, realizar testes de resistência.

O diagnóstico precoce é essencial para evitar a propagação de biótipos resistentes e o agravamento da situação. E mais do que trocar o herbicida, é fundamental adotar estratégias de manejo integrado, como a rotação de mecanismos de ação, o uso de coberturas vegetais, a dessecação bem planejada e o controle mecânico complementar.

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