Tarifa de 50% dos EUA eleva tensão entre exportadores
Empresas de maior porte devem enfrentar melhor o cenário

A decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras tem causado preocupação entre empresários e analistas. De acordo com o boletim Radar Crédito & Economia, assinado pelo economista-chefe da Acrefi, Nicola Tingas, o impacto macroeconômico imediato pode ser limitado, mas os prejuízos para setores exportadores e companhias fortemente expostas ao mercado americano podem ser significativos.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MIDC), os embarques brasileiros para os EUA representam 12,1% do total exportado pelo país, o que equivale a cerca de 2% do PIB. Os itens mais afetados pela medida incluem petróleo bruto, carne bovina, suco de laranja, aviões, aço e produtos siderúrgicos. Ao mesmo tempo, o Brasil também depende de importações dos EUA, como petróleo refinado, peças aeronáuticas, produtos químicos e fertilizantes.
Empresas de maior porte devem enfrentar melhor o cenário, graças ao acesso facilitado a crédito, capital e instrumentos de proteção. Já as pequenas e médias empresas, sobretudo aquelas que exportam produtos perecíveis e têm forte dependência do mercado norte-americano, podem enfrentar dificuldades mais agudas, como perda de contratos, redução de demanda e impactos negativos sobre a cadeia de fornecedores e o emprego industrial.
Tingas observa que, no curto prazo, a medida pode fortalecer o dólar frente ao real, elevando os preços internos. No entanto, a realocação de parte das exportações para outros destinos pode suavizar essa pressão. Apesar da possível desaceleração nas exportações, o economista ressalta que o Brasil continua atraente para o capital estrangeiro, impulsionado por uma taxa Selic de 15% ao ano e reservas cambiais expressivas, que ajudam a conter flutuações no câmbio.